23 de dezembro de 2010

Estamos vivos.

Faz mais de 2anos que não publico um vídeo, então nestes últimos dias que estive na praia decidi fazer algumas filmagens pra ter como recordação da minha movimentação e evolução. Não quero que ninguém publique o vídeo em comunidade de orkut alguma, até porque a onda de vídeos ta desvirtuando as razões de se praticar parkour, e não quero fazer parte disto.

Sobre o vídeo, não se trata de um vídeo de parkour impressionante, até porque não tem movimentos incríveis. O vídeo, juntamente com as ideias da musica, retratam um momento que estou passando, momento de reflexão sobre o mundo em que vivo e de alegrias pela minha atual situação.
Vivi um dos meus melhores anos neste 2010, tive muitas tristezas por diferentes razões, mas nada que chegue perto de arranhar a intensidade dos momentos felizes que vivi. Agradeço muito a todos que de certa forma interferiram para que eu pudesse viver o que vivi neste ano, meus amigos, meus pais, meu emprego estressante, minha faculdade puxada, tudo! Muito obrigado!

Apesar de ter um ano fantástico, tenho olhado a humanidade com desesperança, nada que afete minha determinação de injetar nesta sociedade mudanças, mas atitudes e situações da nossa sociedade me fazem andar com a mente e os olhos atentos. Agradeço muito o ano que vivi, mas não o ano que a humanidade viveu. Minhas tristezas em partem derivam do fato de eu não ter feito muito pela sociedade, fiz minha parte, o que hoje em dia já não basta. Por isto, começo 2011 com esperança de que parte da minha felicidade seja a felicidade de alguém, que parte das minhas ideias influencie e transforme positivamente a vida de alguém.
 E desejo a você  um 2011 cheio de alegrias, cheio de emoções e cheio de vida.







16 de dezembro de 2010

Eu no mundo.

 A cada dia que passa, as ações a minha volta vão cada vez mais contra meus princípios, me sinto perturbado do momento em que me levanto ao momento em que vou dormir. Devo estar com fobia social, ou eu deveria estar, sei lá. O fato é que olho ao meu redor e vejo um mundo que não quero pertencer, a cada dia que passa vejo em minha volta pessoas com pensamentos fúteis, buscando nada mais do que a ilusória e forjada felicidade moral. Saio de casa e ao passar por um desconhecido tranco a respiração para não respirar a podre fumaça que lhe é expirada, ando na cidade e me nego a escutar os vazios desejos e vagas ideias que tentam dizer as pessoas a minha volta.

Acho que eu deveria ter nascido na pele de um índio e viver no meio do mato, mesmo sabendo que minha pele não tenha influencia alguma para guiar meus pensamentos, seria mais fácil encontrar a paz vivendo no meio do mato longe de toda essa podridão sem rumo que é a nossa sociedade. A ideia que a raça humana é parasita do planeta me é constante, e tenho minhas razões para acreditar que a cada dia que passa eu me torno um pouco mais parasita também.

As pessoas tentam virar o rosto para as atitudes e situações ruins, se escondem em suas florestas pessoais para conseguirem sorrir e viver "bem". Passam por um mendigo e viram o rosto. Quando vêem na televisão pessoas morrendo de fome simplesmente trocam de canal. As pessoas não querem ver a realidade do mundo porque a realidade do mundo conflita com suas próprias realidades. Dizem amar um Deus, que no fundo desconhecem, para serem bem vistos na sociedade, usam correntes de prata para serem admirados na sociedade, bebem cachaça para se socializarem melhor nessa sociedade. Mas que sociedade?

Sociedade. Nada mais que um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, interagindo entre si e formando uma comunidade.

Mas perai, quais são estes propósitos compartilhados hoje pela nossa sociedade? Olhe pro lado e veja você mesmo, o propósito hoje nada mais é que enriquecer, os que dizem ter na felicidade o propósito máximo de sua existência tem a felicidade como sinonimo de riqueza, é fato. Quais as preocupações compartilhadas pela nossa sociedade? Enriquecer ou a fome no mundo? E os costumes? Buscar ser feliz para conseguir enriquecer, ou enriquecer para conseguir ser feliz?

Pois é, essa é a interação das pessoas e este é o mundo que se desenvolve a minha volta. E nada me faz crer que isto ira mudar. Não existe revolução pra mudar os valores das pessoas. Não existe educação que mude os conceitos e ideias de uma pessoa adulta que já os tem bem solidificados.

Acredito que somente quando nossa sociedade estiver na beira de um precipício e não tiver mais grama para correr, não tiver mais ar para respirar e não tiver mais água para beber. Somente quando isto ocorrer, todos nós iremos sentar em uma mesa com os bolsos vazios e conversar sobre o mundo em que vivemos e sobre como podemos melhora-lo acima de tudo. Até lá, continuo lutando contra o mundo e contra meu eu que quer simplesmente pertencer e ser feliz neste mundo. Continuo lutando para que a parte de mim que não se conforma com este mundo continue não se conformando. Continuo lutando para poder ver pequenas e isoladas atitudes acontecerem de onde menos se espera. Pois enquanto as pessoas não encontrarem seus precipios interiores, e não se conformarem que de fato podem mudar o mundo, seram as pequenas e isoladas atitudes que o mudaram.




"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos, preocupados e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade é só isso que o tem mudado". - Margaret Mead





7 de dezembro de 2010

Zona de conforto.

No parkour frequentemente falamos em controlar o medo, em nos tornarmos melhores e encontrarmos nossos limites pessoais. Mas raramente falamos que para conseguirmos evoluir e consequentemente alcançarmos tais objetivos, temos que aceitar desafios e sair de nossas respectivas zonas de conforto. Sendo que esta "zona de conforto" é tudo aquilo que estamos acostumados a fazer, pensar ou até mesmo sentir. É o habitual e conhecido para nós.

O parkour nos possibilita obter uma nova movimentação, fora da habitual movimentação imposta a nós desde que nascemos, e na medida em que treinamos a movimentação do parkour estamos a condicionar o nosso corpo a se movimentar desta forma sem sair da nossa zona de conforto. Então quando falamos que nossa movimentação esta dura ou que esta sem flow, estamos falando na verdade que nossa movimentação ainda não é normal para nosso corpo e que para realiza-la temos que estar atentos e sair da nossa zona de conforto, diferente de quando andamos por exemplo. Na medida em que aperfeiçoamos nossa movimentação, estamos na verdade melhorando a mesma para que ela entre em nossa zona de conforto e seja realizada de forma natural, assim como andamos. 

Pois bem, este é o lado bom da zona de conforto. Este é o lado que buscamos  ampliar em nossos treinos. Mas para amplia-lo precisamos sair dele e assumir desafios que não estamos habituados. Se não procurarmos sair de nossos estados de conforto iremos cair na conformidade, nos tornaremos cidadãos conformados com tudo que fazemos e nos é feito, por fim não iremos evoluir nem mesmo aprender nada. E este é o lado ruim da zona de conforto, o destrutivo conformismo.

Se pararmos para observar, são poucos os que realmente assumem desafios diariamente, os que lutam e se propõem a buscar algo melhor. A grande maioria das pessoas passa grande quantidade do dia, se não o dia inteiro, nesta zona sombria de conforto. Se afundam e se limitam devido a seu exarcebado conformismo. São poucos os que assumem desafios e vêem neles oportunidades de crescimento. As pessoas associam os desafios aos riscos, os riscos aos perigos e os perigos aos erros. E é no medo de errar que se encontra a razão das pessoas não saírem de suas respectivas zonas de conforto. O medo de errar na nossa sociedade atual esta cada vez mais forte, as pessoas temem a possibilidade do erro e assim descartam desafios que poderiam lhe oferecer grandes possibilidades de evolução e crescimento.

Se quisermos usar nossa zona de conforto a nosso favor, e não sermos usados por ela, temos que encarar os desafios que se põem a nossa frente de forma consciente, assumir e reconhecer os possíveis riscos, para dai sim nos prepararmos e enfrenta-los de forma consciente.

Hoje percebo que muito dos movimentos que eu julgava impossível um dia realizar hoje são tão normais como meu caminhar. Ou seja, movimentos antes fora da minha  "zona de conforto" hoje pertencem a ela. Mas para conseguir tal progresso, tive que sair deste estado de conforto para assumir riscos e aperfeiçoar novos movimentos.

Esta é a questão, devemos assumir riscos e sair da zona de conforto para evoluir
e assim fazer com que esta zona de conforto se amplie. Então quando somos cogitados por um leigo no parkour sobre razão pela qual nos dispomos a enfrentar grandes desafios, onde um erro pode ser fatal, a resposta é simples e óbvia: "como seremos grandes pessoas se não enfrentarmos grandes desafios?".
Não devemos jamais nos conformar e fugir dos desafios, da mesma forma que não devemos enfrentar os riscos de determinado desafio de forma irresponsável. Lembrando que adiar determinado desafio por alguns messes não significa que você fugiu do desafio, apenas que reconheceu a dificuldade e aceitou outro novo e grande desafio: o de se preparar e treinar mais, para voltar ao local e ver o desafio de uma nova perspectiva.




-LeandroLudwig



13 de outubro de 2010

Onde você quer chegar?



Certo dia desses, ao final de um bom treino, fiquei conversando com um amigo meu sobre as razões que me levavam a me dedicar tanto ao parkour. Sobre as razões dele, e sobre onde pretendíamos estar daqui a 10anos, onde estaríamos trabalhando, como estaríamos treinando e como estaríamos vivendo.


Expliquei que ao decidir praticar parkour a pessoa deve se dedicar o mínimo necessário fisicamente e tecnicamente, de forma que a pratica do parkour não cause danos a pessoa e que a mesma não esteja na pratica de forma irresponsável. O que muita gente não compreende é que tracer é diferente de peladeiro de final de semana, tracer precisa de preparo, precisa de dedicação.

Principalmente  as pessoas que dizem fazer parkour só por diversão, estas devem se dedicar o mínimo necessário no condicionamento e força física, caso contrario é melhor procurar outra disciplina. Pois sem a dedicação mínima necessária, praticar pakour se torna algo altamente danoso a integridade física.

Mas e quem se dedica alem do mínimo necessário? Bem, o que fazemos alem do necessário determinara o quanto elevaremos nossa movimentação dentro do parkour, dedicação acima da media movimentação acima da media.
Não tem segredo, como tudo na vida, nossa movimentação ira depender de nossa dedicação.


O que perturba muita gente é o fato de não ter tempo suficiente para se dedicar o quanto se deseja, e consequentemente não chegar no lugar desejado.
Mas pense como eu pensei, onde você quer chegar com o parkour? Você se dedica para chegar lá? Ou metade da sua dedicação esta voltada ao parkour e a outra metade ao lazer? Você esta 100% dedicado ao parkour? Você quer se dedicar 100% ao parkour?

Faço a você os questionamentos que fiz a mim, minhas respostas ditaram onde estarei daqui a 10anos, suas respostas lhe diriam onde você estará daqui a 10anos.

Pois bem, após refletir sobre quais suas intenções e objetivos no parkour fica muito mais tranquilo você avaliar se as suas ações estão lhe ajudando ou não.
E isso não se aplica somente ao parkour, onde você quer chegar com seu atual trabalho? onde você quer chegar com seus estudos? Porque você trabalha e estuda? Este é o caminho que lhe fará feliz?

Muita gente pratica parkour sem ter uma razão pura ou verdadeira, sem entender suas razões e aspirações. Estas pessoas que não sabem onde querem chegar, acabam muitas das vezes chegando em locais indesejados de formas indesejadas. Frustrações e lesões são destinos quase certos de quem não tem um objetivo concreto, fazer por fazer é perigoso. Você nunca se dedicara da forma necessária fazendo por fazer.

Mas o importante mesmo nem é chegar em algum lugar, chegar é morrer, chegar é o fim. Caminhar em direção a algo é viver,  a caminhada é o mais importante.
O que quero enfatizar aqui é que para caminhar rumo aos seus objetivos e aspirações, e consequentemente ter uma vida saudável, você precisa saber onde quer chegar e onde quer terminar. Caminhando assim na direção certa para você, sem duvidas ou falsas ilusões sobre seu destino.

Espero que essa forma de pensar ajude alguém como tem me ajudado.


Abraços e bons treinos! ;D

22 de setembro de 2010

Instantes.

É um dia comum, rotineiro e monótono. O vento sopra, ao longe vejo os carros, as pessoas. Todas entretidas, incompreendidas em seu vazio interior, vivem iludidas. Com suas inadiáveis necessidades, no hoje pensando em amanhã.

Sigo meus passos observando a incessante energia do espaço, uniforme, infinito, constante. Respiro fundo, meu corpo pesa, pondera. E como um despertar tardio de segunda feira, um abismo interior me atormenta, me contesta, condena. Corpo e mente, meu abismo. 

Meu corpo parou, tento agora romper a inercia do instante e sair em movimento. Mas meu corpo parou, agora estou onde não deveria mais estar. Pensamento toma conta. Me observão, riem, me questionam, duvidam. Meu instante se passou. Tudo desvia minha atenção, e nada acontece.

Sinto a brisa surrar meu corpo enquanto esculpe um singular movimento com as folhas que agora caem ao chão, tudo se move, eu não. Os pássaros voam, o presente torna-se passado, a agua cai, o futuro se foi, o agora já foi, mas eu não fui. Eu não vou.

Permaneço parado, meus pensamentos não. Foco meu olhar, meu objetivo é agora, a vida é agora, preciso me concentrar. Eu busco, quero viver este instante, sem pensar e sem planejar. Fazer é o presente, planejar é o passado. Mas penso, questiono infinitas hipoteses e possibilidades. Sinto a vibrante energia que me circunda, estou vivo, mas não agora, este instante passou e com ele parte de minha vida. Tento não pensar, tento não querer, eu vou fazer. Vou fazer.

Olho para trás e vejo a água corrente. Inanimada, fingindo viver cada instante como sendo o único e ultimo. Tudo some e não vejo ninguém, a água corre e tudo some. Eu e a água, um só elemento em um só instante.

Penso na água, em seu constante e fluente movimento. Fecho meus olhos, não escuto nada. Abro meus olhos e não penso em nada. Sinto-me agora como parte da energia que antes apenas me circundava, agora a água corre, eu então corro.


Este instante é meu. Os pássaros, as águas, as folhas, as pessoas e as duvidas, tudo se torna nada neste instante. Agora, no futuro passado, repousa em minha memoria instantes assim, curtos e infinitos . O movimento das águas, o bailar das folhas, a brisa em meu corpo. São instantes que foram e me levaram, que vivo, vivi e pertenci. Assim como quem vive uma vida em instantes. Em apenas uma fração de segundos, vivo uma vida.


-LeandroLudwig

9 de setembro de 2010

Parkour rapido!

Ontem enquanto corria, pensei muito sobre algo importante que eu nunca havia dado a importância merecida. Algo sobre tempo de reação. Aquela fração de segundos em que uma ação acontece e temos que ter uma reação rápida para nos salvarmos.

Ex: Estamos andando distraídos e de repente vem um pitbull raivoso correndo em nossa direção, em fração de segundos temos que decidir o que fazer para nos salvar do pitbull safado.

Então enquanto corria pela rua e observava o espaço ao meu redor, bolei ali na hora uma brincadeira/exercício que eventualmente pode me ajudar em uma situação real. A cada 5min passados eu pensava "parkour rápido!" e então tinha que olhar ao meu redor e encontrar o percurso mais rápido caso eu precisasse me evadir. (Eu só pensava no percurso de fuga mas não o seguia, eu continuava minha corrida.)

Tinha que pensar rápido, e eu não podia estar ciente do mobiliário urbano ao meu redor. Durante a corrida eu simulava situações em que eu estivesse distraído correndo na rua, então quando eu pensasse "parkour rápido!" eu levantava a cabeça e ai sim olhava o espaço ao meu redor, procurando o trajeto mais rápido para fugir de uma pessoa ou um cão por exemplo. Enfim, se eu demorasse pra encontrar o tal trajeto eu perdia a brincadeira, mas numa situação real se eu demorar a encontrar meu trajeto eu não perco somente uma brincadeira...Entende a importância desse exercício? De nada adianta eu treinar e ter uma movimentação excepcionalmente rápida, se em uma situação real eu não ter uma reação rápida a ação que eu estiver sofrendo. Movimentação rápida não significa reação rápida, e vice versa.

Foi sensacional perceber o quanto minha mente estava bloqueada para tais situações, quando eu levantava a cabeça e pensava "parkour rápido" eu procurava somente muros, cercados e corrimãos. Como se estes fossem os únicos obstáculos que eu poderia transpor e obter uma certa vantagem referente a algo ou alguém.

No começo da brincadeira/exercício eu raramente olhava um carro parado e pensava em transpor o mesmo para me evadir, obviamente por nunca ter treinado ou pensado em treinar em um carro, eu não o via como um possível obstáculo a me dar vantagem em uma necessidade de fuga. O que mais percebi foi que minha mente estava treinada a fazer parkour somente em locais onde nós podemos praticar parkour. Mas pense comigo, em uma situação real onde sua vida esta em risco, se fosse necessário você não iria pular um carro e subir em um muro de uma residência? Eu iria! É questão de sobrevivencia, primeiro você garante sua integridade física e depois pensa, se explica e se necessário repara os danos causados a uma eventual propriedade.

Não estou incentivando ninguém a sair por ai pulando carros e invadindo residências, veja bem, estou dizendo que em uma situação real em que sua vida estiver em jogo, você deve e tem que usar da melhor forma o espaço que esta ao seu redor para garantir sua vida. E isto inclui também apenas correr, alias, durante este exercício duas situações me foram frequentes:

* correr como um louco o mais rápido possível num trajeto sem obstáculo algum;

* correr como um louco usando de obstáculos urbanos como moveis e imóveis privados.
(Notei que o mobiliário publico pelo menos aqui em blumenau é muito escasso, o privado se fez presente em quase todo meu trajeto, já o publico só apareceu em parques e praças...)


Terminei o que era pra ser uma simples corrida maravilhado com a experiência, pois ela abriu absurdamente minha mente e me fez ver o quanto ainda estou despreparado para uma situação real. Alias, tenho que treinar muito para um dia poder sequer pensar em realmente usar o parkour em uma situação real. Pois quando treinamos com o objetivo de estarmos preparados para um situação real, seja ela qual for, o treinamento que devemos ter vai muito alem da nossa própria movimentação. Depende da movimentação do ambiente, do carater do ambiente e da situação momentânea do ambiente. Se não soubermos ver e perceber corretamente o ambiente de nada adianta termos uma boa movimentação, porque querendo ou não, toda nossa movimentação estará sempre inserida em um determinado ambiente, seja ele qual for.



-LeandroLudwig

20 de agosto de 2010

Água

Entre os benefícios do consumo diário e correto de água podemos lembrar que este liquido, precioso e abundante, tem a função de regular a temperatura corpórea através da eliminação do suor, eliminar resíduos metabólico através da urina, fazer uma melhor distribuição de nutrientes pelo corpo, auxiliar no transporte de nutrientes até as células e auxiliar na prática de esportes, pois ajuda a retirar o ácido lático, que causa a sensação de dor e fadiga dos músculos.

Dentre todas as vantagens que o correto consumo de água oferece, podemos citar e vale a pena evidenciarmos aqui, que beber água ajuda muito nossas articulações. Alias, há três coisas que todas as articulações saudáveis necessitam: água, proteoglicanos e colagénio.

Como este texto não tem o carater técnico, e sim motivador, colocarei em evidencia algo simples e acessível a todos: a água. Esta, por sua vez, providência lubrificação para facilitar os movimentos e amortecer o choque, bem como os nutrientes necessários para manter as articulações saudáveis. 

Ou seja, o tracer que não tem o costume de consumir os religiosos 2 litros diários de agua, recomendados nos livros e midias, e que durante seu treino "força" muito suas articulações, esta no mínimo exigindo um esforço que seu corpo não é capaz de realizar (ou de se recuperar..) sem se prejudicar a curto e a longo prazo.

Aos tracers que decidirem adotar o habito de consumir os 2litros de agua e aos que já fazem este consumo, aconselho a utilizarem uma garrafa de agua para medir a quantidade que estão ingerindo. Muitas pessoas consomem agua nos bebedouros, o que na maioria das vezes faz a pessoa ter uma falsa sensação de medida e percepção da quantidade de agua injerida. 

Outro fator importantíssimo ao se falar sobre o consumo de água, é que tem momentos favoráveis e momentos desfavoráveis para este consumo, nem sempre o consumo de água é benéfico. Por exemplo, o organismo faz primeiramente a digestão dos líquidos, se ingerirmos líquidos enquanto comemos estamos a adiar a digestão do bolo alimentar. Consequentemente o bolo alimentar fica no estômago aguardando sua vez de ser digerido, enquanto ingerimos liquido estamos a adiar este processo. Então na próxima vez que for fazer uma refeição pare de beber líquidos até meia hora antes da refeição, volte a beber após meia hora. Seu organismo agradece.

Mas somente durante a alimentação é desaconselhável o consumo de água, em todos os outros horários o consumo de agua é importantíssimo e muito incentivado. Afinal, o corpo humano possui aproximadamente 75% de agua.  Então, nada mais sensato que consumirmos uma quantidade consciente de agua.


Particularmente eu não tomava nada de agua, quando tinha sede tomava um suco ou outra coisa qualquer menos agua. Tinha dias em que eu não tomava nem meio copo de agua. Foi então que li no livro do educador físico Nuno Cobra o quanto a agua era importante, a partir dai passei a tomar os 2litros de águas diários. Faz aproximadamente um mês que não largo minha garrafinha de agua e os benefícios são notáveis. Me alimento mais e melhor, sinto com mais intensidade o sabor do alimento e me sinto muito mais disposto para as atividades diárias.


A verdade é que ninguém acredita que algo barato e de fácil acesso como a agua possa trazer tantos benefícios assim, é a velha cultura do pensamento de que o caro é bom e o barato é ruim. Por isto finalizo o texto convidando você a fazer o teste que eu fiz, compre uma garrafa de 500ml de agua e ande com ela 24horas por dia nos próximos 30dias, tome no mínimo duas garrafas de manha e duas no resto do dia, você ira comprovar e entender melhor tudo o que falei aqui. 


-LeandroLudwig




10 de agosto de 2010

Encontro Catarinense de Parkour - Brusque

Ocorreu neste sábado e domingo (dias 7 e 8 de Agosto) em Brusque, o encontro catarinense de parkour. Marcaram presença tracers de Floripa, Blumenau, Paraná, Rio Grande do Sul, Balneário Camboriu e etc. (me desculpem se esqueci alguma cidade, sou fraco na memoria)

                                                   (pessoal saindo de Blumenau)

Nos encontramos na manha de sábado na rodoviária da cidade, de lá partimos para uma praça próxima onde fizemos um treino livre. Logo após fazer um daqueles treinos, voltamos a rodoviária onde a família Elias, do organizador do evento Timóteo, estava oferendo um almoço maneiro. Comemos MUITO (haahaha) e após descansar muito POUCO voltamos a praça, lá demos inicio as oficinas orientadas pelos tracers recem formados no A.D.A.P.T.

                          (aqueeeeeeele cachorro quente maneiroo! agradecimento a família Elias!)

A exemplo da oficina que teve no encontro mineiro, o pessoal do encontro foi dividido em vários grupos de treino. Onde cada grupo ficou 15min em cada estação de treino, que variaram desde estação de equilíbrio até de vertigem. Cada grupo de treino tinha um tracer adaptado guiando e orientando de forma correta os demais, onde no final do treino de cada estação o orientador A.D.A.P.T guiava rapidamente uma mini conversa. Com o intuito de evidenciar, debater e explicar as razões do treino ali exercido. Deixando claro o porque de ter feito os respectivos exercícios, assim como a importância que cada um teria disseminando de forma correta o que aprendeu quando voltasse para suas cidades.


                                                    (estação de condicionamento)

Nas oficinas vale destacar o envolvimento e esforço de todos nas atividades, tanto nos exercícios físicos (que debaixo daquele sol não foram fáceis) como expondo seus pontos de vista nas conversas ao fim de cada estação.
                                                               (galera fazendo o "mini debate")

Aproximadamente as 18horas de sábado a oficina chegou ao fim, e após as orientações do cronograma do evento foi feita a tradicional roda de alongamento e relaxamento, onde para muitos encerraria o primeiro dia do encontro.

Os que se dispuseram a realizar o Hellnigth ficaram no local, os demais foram guiados até o alojamento. Para os que ficaram, a noite foi infernal mesmo! Já estava todo mundo cansado do treino durante o dia, os quadrupedais na passarela bamba mato todo mundo e a noite foi foda pra cara..! (ahahaha)

Já no alojamento rolou de tudo: teve aquela roda de viola doida, aqueles saltos ergometricos nos colchoes macios da vida dura, aquela conversa sobre fantasma e possíveis fenomenos astrológicos que poderiam acontecer na madrugada, aquele sono feroz repentino de alguns macacos velhos, alem de muita descontração da galerinha maneira que compareceu no evento..ahahha

As 9hrs da manha de domingo, motivado pelo Timóteo, pulei da cama pra cantarolar aquela musica maneira que cantam para as crianças na hora de acordar. (ahhahaha...ta na hora, ta na hora...ahahhaha)

Logo após, como uma visão de um oásis no deserto, surge os pais do Timóteo com aquele café da manhã caprichado. Galera encheu os corno de tanto comer e voltamos pra rodoviária, onde estacionamos os carros para ir a pé ao próximo pico. Chegamos então no half pipe de Brusque, uma pista de skate com vários obstáculos bacanas. Treinamos até a hora do almoço e fomos a rodoviária bater aquele rangão, comemos um monte denovo e após um breve descanso nos dirigimos para o parque das esculturas. No parque há varias esculturas grandes de mármore, um lugar massa pra caramba pra treinar e explorar novas movimentações.
                                                     (parque das esculturas)

Como já estava todo mundo podre de cansaço, encerramos o encontro as 16hrs. O pessoal de Floripa seguiu pra rodoviária e a galerinha de Blumenau seguiu pra Blumenau, óbvio..aahahah

Na minha visão o encontro foi perfeito, com menções honrosas ao Timóteo e cia pela organização do evento (que eu sei que não foi fácil). Alem da excelente contribuição dos tracers adaptados e de todos que compareceram e prestigiaram mais um evento inesquecivel. Me diverti muito ao lado de meus amigos, conheci muitas pessoas que espero poder rever um dia e aprendi muita coisa interessante.



No mais, é bom parkour e até a próxima!

Abraço galera!


-Leandro Ludwig

2 de agosto de 2010

O que me causa medo.

É frequente dizermos que parkour é uma forma de deslocamento útil, na qual usamos nosso corpo dentro de um determinado percurso, para nos deslocar de forma rápida, fluente e eficaz.
Sendo assim, o parkour acaba muitas vezes se resumindo a conceitos como "ser útil" e "ser eficaz", o que de certa forma não esta errado.

Mas não é sobre isto que quero falar neste texto. Pretendo apenas relembrar aos tracers algumas palavras que levam certos conceitos, que nos dias de hoje, parecem terem sido esquecidos. Palavras como "preservação" e "economia", tão pouco empregadas pela comunidade de praticantes, podem, em uma situação real, definir vidas.

A preservação, da vida, é um dos aspectos mais importantes no parkour. Tanto quando utilizamos o parkour para pegar um simples chave, quanto para salvar uma vida em risco. O que acontece é que raramente vejo alguém mencionar que o parkour busca a preservação da vida, o que sempre escuto é algo como "não causar danos físicos a curto e a longo prazo" mencionado sempre no meio de uma explicação banal de "o que é parkour?".

Devemos preservar nosso corpo, seja evitando o desgaste desnecessário nos treinamentos (entenda ai big jumps desnecessários..), como a preservação do nosso corpo antes mesmo do corpo do próximo. Sim meu amigo, pense na sua vida antes de bancar o herói e utilizar o seu parkour "útil" para salvar outra vida. Isto é um preceito básico de qualquer serviço de emergência, quer exemplos?

O guarda de transito, ao avistar um acidente de transito com vitimas primeiramente garante a sua segurança no local, depois avalia a situação.

O enfermeiro do samu, só atende a vitima deste mesmo acidente de transito depois de o guarda de transito ter garantido a segurança para o enfermeiro agir.

O policial, só atende uma emergência se tiver preparo e condições que garantam sua vida antes.

O bombeiro, só invade um prédio em chamas para salvar uma pessoa se antes estiver equipado e preparado de forma que tenha algum suporte que garanta a sua vida no local.

A partir do momento que você decide agir em uma emergência e salvar alguém sem antes pensar na sua propria integridade, você estará arriscando. Avaliar os riscos rapidamente e agir corretamente é o que fazem os chamados "heróis".
Como na maioria das situações é impossível/perigoso calcular rapidamente o risco ao qual você estará colocando sua vida para salvar uma outra, recomenda-se preservar sua vida antes de tudo. É fundamental lembrar que em determinadas situações agir rapidamente não significa agir corretamente.

A historia do parkour se encontra com a do método natural, que visa entre outras coisas a preservação da vida, e dos bombeiros que também prezam a vida. Então porque tanto se fala em utilitarismo e tão pouco em preservação?
Tenho medo ao imaginar um tracer escalando um prédio em chamas para salvar uma criança,  sem antes ter telefonado para os bombeiros irem ao local.
Tenho muito medo, até porque hoje em dia os tracers estão precisando tanto mostrar que seu parkour é "útil" que se esquecem de princípios mais que fundamentais. Em muitos casos útil mesmo é pegar o telefone e ligar para a emergência, ao invés de escalar um prédio. Mas isso já é outro caso, tem haver mais com a necessidade que muitos tem de se tornar heróis, que já é outra historia e não quero me prolongar nisto.

Outro ponto importante, é a economia dentro do parkour. Usamos palavras como eficiência para deixar a entender economia de movimentos e economia de esforço. O que também não esta errado, o que não compreendo é o porque de não evidenciar nos treinos: "seja economico! se precisar desvie dos obstáculos, nem sempre o caminho eficiente será transpor o obstáculo."

O que frequentemente acontece, e me envergonho de já ter feito, é o iniciante ir no treino para aprender parkour e o cidadão que se julga experiente dizer: "bom, parkour é transpor obstaculos e há vários movimentos para isto, vou lhe ensinar a base dos mais usados".
Isso hoje também me da medo, ta eu sou cagalhão hahaha, imagine esse iniciante saindo do treino e em uma situação real, onde desviar dos obstáculos seja o mais eficiente e seguro, ele decide transpor um obstáculo desnecessariamente porque aprendeu lá naquele tal "treino de parkour".

Pode parecer algo impossível de acontecer, se o cara precisar correr ele vai correr, não é? Claro que não, o cidadão foi no treino e "aprendeu" parkour, nas mídias dizem que parkour é pular o muro. Então porque ele iria correr em vez de subir o muro e utilizar o que "aprendeu"? Alguém ensina a correr em treinos de parkour? Eu pessoalmente conheço poucos casos de pessoas que ensinam os iniciantes a correr, deixando entender a real e eventual utilidade da corrida. O máximo que se diz é que correr faz bem, e olha lá...

O que acontece hoje no parkour é a banalização dos termos, deixamos a entender muita coisa, não pegamos o iniciante ou o já praticante e dizemos: "eficiência é isso", "utilidade é aquilo", "depende, avalie a situação".
Deixamos de evidenciar coisas importantes por acharmos que ja esta tudo entendido, quando na verdade não esta. Para mim, nos treinos, pelo menos aqui em Blumenau, falta mais conversa e exercício da mente do que exercício físico. Mas como estas coisas não se enfia goela a baixo, cada um busca o saber da sua forma.

Mas infelizmente, e isso não é só aqui em Blumenau, exercitar o físico parece ser a unica prioridade, pelo menos pra massa que faz um vídeo por semana. E o que por fim me causa uma enorme preocupação, é ver uma pessoa despreparada que sempre exercitou somente o corpo físico, fazendo uso de seus movimentos para conseguir ouvidos que escutaram atentamente as asneiras ditas pelos seus músculos eficazes.
É, eu devo ser um cagalhão mesmo...



-LeandroLudwig.

26 de julho de 2010

4° Encontro Mineiro de Parkour.

  Bom como toda a comunidade do parkour sabe, nos dias 17 e 18 de julho ocorreu em Belo Horizonte o encontro mineiro de parkour. Onde alem das presenças ilustres de Stephane Vigroux, Chris "Blane" Rowat e Dan Edwardes, ocorreram oficinas, workshops e o famoso treino Hellnight.
  Aqui de Blumenau apenas 3 tracers conseguiram prestigiar o evento. (Eu, Timoteo e Jean) Uma pena tendo em vista todo o conhecimento e experiência que o encontro ofereceu, varias outros tracers da cidade deveriam e obviamente queriam muito ter ido. Mas devido a horários de trabalho e disponibilidade financeira só nós três conseguimos ir, ao pessoal que não foi vou tentar expor aqui o máximo de informação sobre o que vivenciamos por lá.

Bem, saímos aqui de Blumenau as 5:30 da manhã de sexta feira (dia 15). Chegamos em BH aproximadamente as 11horas da manhã e as 13h já estávamos no alojamento do mineirinho (onde passaríamos 6dias), as 14h de sexta feira já estávamos a procura de picos e locais de treino próximo do alojamento.

                                                           (Alojamento Mineirinho)

Encontramos uma praça na beira da lagoa da pampulha, chamada pelos tracers locais de praça do coco, um local otimo para treinar run, escaladas e tudo que é movimento. Um local perfeito, se não fosse o cheiro desagradável de coco que a praça tem...ahahahah. Mas tendo em vista a riqueza de obstáculos e movimentos que a praça oferece o desagradável cheiro é insignificante e o local para mim um dos mais surpreendentes de BH para praticar parkour.

                                                         (Praça do coco)

 Treinamos a tarde inteira e aproximadamente as 18hrs apreciamos o deslumbrante por do sol que tem a lagoa da pampulha, o por do sol mais belo que já vi em minha vida. Agradeço muito aos meus amigos por estarem lá todos cansados do treino apreciando a visão comigo. Só estando lá para entender o que falo, "o melhor dia da minha vida".  (hahaha)



Ao escurecer fomos em busca de um mercado onde poderíamos comprar nossa janta, café da manhã de sábado e algumas frutas para toda semana. Andamos muito até achar um mercado, compramos algumas coisas e as frutas conseguimos comprar em um sacolão próximo do mercado onde era um pouco mais barato. Chegamos no alojamento aproximadamente as 23horas, cansados e sujos. Após tomar banho e comer fomos dormir ansiosos para o primeiro dia do encontro.

Acordamos no sábado as 07:30 da manhã, conversamos um pouco e chegamos na UFMG as 9hrs onde fizemos o credenciamento e um treino livre na faculdade até o meio dia. Almoçamos no mercado que tinha ao lado do encontro e as 13horas voltamos a UFMG, foi quando avistamos simplesmente ícones e referencias para nós desde que começamos nossa historia no parkour. Comprimentamos o Vigroux, o Blane e o Dan.  Estávamos pasmos e abobados com a situação, por nossa vivência dentro do parkour não ser tão antiga nunca imaginamos estar lado a lado com tais referencias.


Tiramos fotos com eles para recordar o momento, ou melhor, fingimos que tiramos foto mais filmamos. Tipo aquela brincadeira que aparecia na TV onde os famosos ficavam na posição de foto mais estavam sendo filmados...hahaahahah...ainda não acredito nisso...

Logo após os organizadores do evento separaram todo o pessoal em 7 grupos (acho que eram 7, não me lembro direito disso...) e cada grupo passava por uma estação de treino. Por exemplo: estação 1 treino de precisions, estação 2 treino de monkey e assim por diante. Sempre sobre a supervisão de 2 tracers formados no ADAPT, volta e meia aparecia o Vigroux ,o Dan ou o Blane para acrescentar algo no treino. Tipo coisa de sonho, nós ali seguindo o treino puxado pelo pessoal que realizou o adapt e derrepente aparecia os caras para dar umas "dicas" interessantes. No final do treino puxado fizemos um circulo e puxados pelo Dan realizamos uma serie de exercícios de relaxamento, logo após o Blane explicou a brincadeira do "fazendeiro" e das "cenouras", com a qual nos divertimos um bocado! Jean, quase fosse uma das  ultimas cenouras, mas não precisava morder a calça de ninguém né...putz...como eu ri...ahahhaha


Aprendemos muitas coisas novas nesta experiência e reforçamos alguns conceitos que estavam meios abstratos em nossa mente, coisas como o Vigroux sempre focando o silencio no treino, o Blane sempre querendo mais físico e o Dan cobrando maior perfeição nos movimentos eram situações constantes.
Fato curioso foi que sempre que alguém que puxava o treino berrava "started together" os outros que executavam o treino berravam  "finished together"", antes de presenciar este fato eu era um grande critico de ter que berrar essas coisas, ainda mais em inglês. Mas com o passar do tempo e da experiência passei a gostar e respeitar, no treino era motivante e a união do grupo que estava ali focado treinando e se ajudando ficava maior a cada grito. Na minha opinião se fosse um berro em português de "Juntos começamos" e outro de "juntos terminamos" seria bacana e usual nos treinos puxados aqui no Brasil.

Aproximadamente as 18hrs terminamos o treino puxado pelo pessoal do ADAPT e as 19hrs já iria começar o treino "Hellnigth" do Blane. Já estávamos cansados e não tivemos tempo para ir comer pois não queríamos correr o risco de perder o Hellnight. Enfim, começamos o treino cansados, com fome e com muita emoção/apreensão de finalmente presenciar esse famoso treino.
Sobre o hellnigth, é um treino muito pesado e exige muito psicológico, muito psicológico mesmo!

O fato que mais me marcou neste treino foi estar realizando um quadrúpede, exausto, quase desistindo e do meu lado passar Stephane Vigroux berrando: "Ale, Ale, Ale, Ale". Diferente daqueles berros que o pessoal da nos treino físicos para tirar energia de onde não tem, os berros do Vigroux eram para quem estivesse do lado dele não desistisse. Sempre que ele passava por alguem quase parando ele berrava, um exemplo de lider e caracter, a imagem que ele me passou foi de uma pessoa que defende a essencia do parkour por ter dentro de si a mesma essencia. Era um exemplo assim que me faltava,  infelizmente coisas assim nunca iram aparecer em videos.

Não irei dizer como o Hellnigth terminou, prefiro deixar a mente de cada um criar uma situação diferente e alimentar a curiosidade sobre este EXCELENTE treino. Digo apenas que o treino é pesado e que todas as pessoas que participaram chegaram ao seus limites fisico e mental, os que desistiram, desistiram por não ter mais nenhuma condição fisica. Por não ter mais como dar o proximo passo, por não aguentar o proprio corpo ou por não aguentar a propria mente. Muitos desistiram e levaram consigo a certeza de ter chego no limite fisico ou mental do seu corpo, outros tantos guerreiros chegaram ao final com TODO merecimento possivel. Os que terminaram são completos guerreiros, tem cabeça de guerreiro e coração de guerreiro.
Ah! Blane, Vigroux e Dan fizeram com folga o helnigth. Provando o porque de serem quem são na comunidade do parkour, independente de terem descansado antes do treino ou não, são quem são por puro merecimento.

Terminamos o Hellnigth e nos dirigimos famintos ao mercado para comer, eu e o Timoteo estavamos passsando mal quando comemos. Tentamos comer mais devagar mais enfim, tava complicada a situação. O Jean tava tranquilo nesse sentido, mas igualmente exausto e faminto.
Chegamos no alojamento aproximadamente as 23horas de sabado, tomamos banho e nos jogamos na cama conversando sobre o que tinhamos feito. A sensação neste momento foi indiscritivel, um misto de exaustão com felicidade e ancia pelo dia seguinte de treino.

Domingo acordamos as 9horas da manha e chegamos no encontro as 9:40 para as 10horas começar a mostra de videos e bate-papo com o pessoal da Parkour Generations. Tudo ocorreu de forma bacana, com varias perguntas interessantes. Após o bate-papo almoçamos e descansamos um pouco para realizar o desafio pk max, onde cada grupo de pessoas recebeu um desafio...o dia terminou com um ar de satisfação por temos vividos tudo aquilo que nos ultimos dois dias vivemos.

Agradeço muito a PKMAX pela excelente organização e pelo empenho despendido para tornar tudo o que vivemos ali real, um encontro perfeito, desde os alojamentos disponibilizados até a excelente localização do encontro. Muito obrigado mesmo, não tenho palavras para agredecer o que vivi graças a vocês.

O encontro terminou e a segunda feira chegou, acordamos as 9horas da manhã e fomos até a lagoa da pampulha dar uma volta no estilo turista de ser. Fomos até a igrejinha da pampulha e alem de conhecer toda a historia do local descobrimos uma arvore perfeita para escalar e se movimentar, ficamos na arvore até o meio dia e fomos comer. Descobrimos um restaurante otimo de frente com a lagoa, um local rustico e muito acolhedor onde servia um almoço acessivel financeiramente alem de um otimo atendimento.
                                                    (arvores maneiras..ahahahah)

Comemos e continuamos a andar pela lagoa, quando vimos ja haviamos andado uns 7km, foi quando decidimos dar a volta na lagoa para conhecer as obras do arquiteto Niemayer, alem de varios locais otimos para o parkour. A caminhada foi de aproximadamente 20km, conversamos muito no trajeto e colocamos varias ideias em ordem na nossa mente. Chegamos no alojamento novamente as 23horas e novamente estavamos exaustos, foi ai que percebemos que para nós ferias bacana de lazer tem nome de treino pesado...hahahaha.


                                      (Igreja São Francisco de Assis, ou Igrejinha da Pampulha)

Nessa altura nosso corpo ja estava completamente surrado de tanto treino, mas nos sentiamos bem e provavelmente neste quarto dia(segunda feira) nosso organismo ja estava um pouco mais acostumado com o treino diario.

A terça feira chegou, como ainda não tinhamos visitado o centro da cidade foi para lá que fomos. Antes tomamos café em um padaria proxima ao alojamento, onde pedimos aquele pingado(café) e aquele pão de queijo mineiro só para alegar nosso dia..ahahahah.
Quando chegamos no centro fomos em uma lan house fazer contato com nossos familiares e verificar os locais onde iriamos treinar e visitar naquela tarde de terça, comemos em um restaurante aconchegante proximo da lan house. Logo após fomos a famosa Praça da Liberdade, ao Parque municipal
e a uma loja de artesanato mineiro comprar lembranças para nossos familiares. Voltamos novamente as 23horas, novamente sujos e novamente cansados...hahahaha.

                                                                (Centro de BH)

Conversamos e rimos muito enquanto comemos aquele miojo cru e aquele pão com banana no caprixo, acordamos quarta feira as 8hrs da manha e fomos ao aeroporto onde passariamos o dia. Dai vale a pena lembrar o momento em que nosso amigo Jean chamou a aeromoça de "minha neguinha" e pediu tudo que tinha direito para comer...hahaha..inesquecivel!

Pegamos o avião e no aeroporto de Campinas-SP nos separamos, Jean e Timoteo seguiram para Curitiba onde vão treinar até domingo. Eu peguei avião para navegantes pois tive que voltar para na madrugada da mesma quarta feira trabalhar, infelizmente não consegui prolongar minha folga por mais tempo, mas fico feliz por poder ter aproveitado tudo da forma que aproveitei. Hoje, quinta feira, escrevo este texto enquanto trabalho. Me recordo dos bons momentos vividos por nós três em BH e desejo que meus irmãos cansem muito treinando e se divertindo em Curitiba. Foram momentos inesqueciveis para mim, tanto enquanto não aguentava mais meu corpo no Hellnigth quanto o por do sol inesquecivel e tranquilo da Pampulha.
Momentos unicos onde nós dormiamos consados rindo e acordavamos dispostos rindo, todos os 6 longos e prazerozos dias! Sempre com uma piada idiota nova na mente e um desafio novo pro corpo.

Ok, Guys, ok...





-LeandroLudwig

23 de julho de 2010

Frente a frente com o obstaculo - Coragem.

  Comecei a ler hoje um livro chamado "A semente da vitoria" do autor Nuno Cobra, li em alguns tópicos de comunidades indicações referentes ao livro e hoje enfim decidi loca-lo da biblioteca da universidade.
  No inicio do livro me deparei com uma informação interessante sobre coragem da qual nunca vi ou li em parte alguma, se trata de uma maneira diferente de abordar a coragem quando nos deparamos com grandes desafios.

  Segue abaixo um trecho do livro que acho importante destacar e compartilhar aqui:

"Essa atitude corajosa e decisiva de enfrentar os mistérios do rio, sem enxergar direito em que abismo caudaloso me lançava, fazia com que controlasse minhas emoções e tirasse, sem saber de onde, a necessária coragem que ia aumentando minha confiança e, acima de tudo, dando têmpera a meu carácter.

Foi quando aprendi com Pexexa minha grande e profunda lição. Ele me ensinou que coragem só é mesmo coragem quando sentimos um imenso medo. Dizia ele que, quando nos arremessamos a fazer alguma coisa que em principio exige coragem, deve existir junto uma dose de medo, senão a empreitada se revela irresponsável. Pode-se estar diante de uma loucura, de um desatino ou estupidez.

A coragem é justamente sentir o medo que enrijece a alma e o poder de enfrentar o desafio serena e positivamente. Dizia ele que o medo faz parte da historia, é necessário para acordar o organismo e fazê-lo reagir com todos os seus recursos.

Naquela situação ameaçadora, o rio ficava com uma cara tão feia que eu tinha que solicitar do meu espírito o máximo envolvimento para oferecer ao corpo a força necessária a dar conta do recado. Percebia que um coquetel de estimulantes invadia minha corrente sanguínea, permitindo-me reagir com cada milímetro dos meus músculos e toda a minha astúcia. Podia, dessa maneira, sentir claramente o valor de uma verdadeira coragem.

Era a emoção me ajudando, me impelindo com tal poder que só assim eu conseguia a determinação necessária para enfrentar o estupendo desafio.
Tinha de ter a maior concentração. Nada podia estar em desatino em mim. Nenhum fio de dúvida podia atravessar meu cérebro. Apenas a absoluta certeza que eu venceria. Qualquer vacilação representava risco de vida.

Foram essas oportunidades de enfrentar meu espírito, antes acomodado e inibido, que fizeram com que me soltasse por inteiro e me tornasse dono absoluto do meu corpo, fixado agora em uma nova verdade, resoluto e decidido.

Essas aventuras do meu espírito integrado com meu corpo moldaram meu carácter na rudeza das provas e fixaram de forma indelével minha personalidade. A necessidade de superação constante dos obstáculos anteriormente intransponíveis mostrou ao meu espírito suas possibilidades e seu verdadeiro poder.

Isso provocou uma mudança radical em meu comportamento. Com a auto-estima fortalecida, ganhei nova disposição para haver-me com meus medos e fiquei apto a enfrentar com coragem tudo o mais que viesse desafiar-me."

Autor: Nuno Cobra
Livro: A semente da vitória.


 Continuo lendo o livro com a expectativa e o animo reforçado a cada pagina, assim que novas informações forem surgindo volto a compartilha-las aqui.
 Outro titulo genial para quem busca um pleno entendimento do corpo e da mente se chama "O atleta interior" do autor Dan Milman, este para mim é um perfeito livro de bolso para todos os tracers interessados.

Como diz no inicio do livro que estou lendo:
"Chegar ao cérebro pelo músculo e ao espírito pelo corpo."

Bons treinos a todos nós!

12 de julho de 2010

Motiva a ação.

  Todos nós temos nossas individualidades, aquilo que nos diferencia da multidão e nos torna quem realmente somos. Temos nossas facilidades e na mesma intensidade nossas dificuldades. Se é difícil ser bom em tudo, é impossível ser ruim em tudo. 
  No parkour, nossas individualidades podem ser evidenciadas facilmente, basta olharmos pro lado e analisarmos as individualidades do nosso companheiro de treino. Sabe aquele precisão de 12 passos, que seu amigo consegue fazer sem nunca ter feito um treinamento de impulsão para isso? Pois é, ele é diferente, tem uma técnica diferente ou simplesmente adora fazer um movimento que você, assim como a maioria, detesta fazer. Ele gosta de treinar precisão, você não. Ele detesta treinar cat, você adora. Ele é assim, você é assado.

  Mas e quando sua individualidade não possui facilidades dentro do parkour? Você não consegue fazer aquele precisão, tem um psicológico fraco e não tem a menor desenvoltura para praticar parkour. Bate um desanimo né? O primeiro pensamento que vem na mente é desistir, partir para outra mais fácil e fazer aquilo que você leva mais "jeito". E derrepente, sem aprender uma das principais lições do parkour, você partiu pra outra. Não teve a persistencia que todo tracer tem que ter e simplesmente desistiu de treinar, primeiro obstáculo, primeira desistência.

  Mas se você conseguir, ao iniciar seus treinamentos no parkour, manter o mínimo daquela persistencia tão necessária em vários aspectos da vida, jamais cometa o erro de desistir e partir para outra por não conseguir realizar movimentos com facilidade. Conheça sua movimentação, seu tempo, seu corpo, e então meu amigo, persista!
  Você não precisa fazer movimentos incríveis, que um "astro" do parkour faz, para ser feliz  no parkour. O incrível que vemos nos vídeos do YouTube é circustancial, um movimento simples para a maioria, se torna um movimento incrível quando feito por alguém que suou muito para conseguir fazê-lo. Alias, não são os movimentos nem as facilidades que são incríveis, no parkour o mais incrível é a superação.
  A desistência é algo tão deprimente, que sinceramente, doí no peito  ver alguém desistindo dizendo que não leva jeito. Acreditar que não se leva o famoso "jeito" e partir para outra mais fácil achando que naquela "pratica mais fácil" você não terá dificuldades, é triste e ilusório.


  Eu sei que é difícil entender esse negocio de superação e persistencia quando não se é considerado bom em nada pelas pessoas nos treinos, é muito difícil você treinar firme e raramente escutar: "boa! isso ai cara!".
  É difícil se manter na pratica quando incentivos sinceros e expontaneos não aparecem, os incentivos geram motivação e a motivação é a chave para superação. Principalmente no parkour, onde você não ira ganhar medalhas para motivar sua rotina de treino. É essencial buscar em fontes mais puras o incentivo que trará sua motivação, é essencial!
  Mas como conseguir o incentivo que lhe motivara e lhe ajudara a encontrar seus limites individuais, como conseguir esse incentivo sozinho, sem precisar de uma plateia ou de uma pessoa para lhe incentivar?
  Estas perguntas meu amigo, admitem diversas respostas. Mas o que vejo com maior frequência, são pessoas buscando nos vídeos de seus movimentos alguma motivação. Pessoas que treinam parkour para colocar vídeos na internete e ganhar o máximo de palavras de incentivo que iram lhe motivar em seu treinamento. E dai, isso é errado?
  Claro que não, mas é um incentivo dependente de algo e alguém. Se você não puder mais fazer vídeos, o que ira lhe incentivar e lhe deixar motivado para praticar parkour? Este é o ponto em que quero chegar, qual sua real motivação?



  Acredito que o real incentivo, que deve guiar e motivar os treinos, tanto de quem inicia no parkour como de quem já esta a um tempo envolvido, é buscar o sentimento e o amor por detrás de seus movimentos. Parece aquele tipo de dica bonitinha que na pratica não funciona, mas acredite, este é o segredo de se manter motivado a longo prazo, seja no parkour ou não.
  Veja as pessoas que trabalham fazendo o que amam, trabalham melhor pois tem o prazer de diariamente tentar se superar. Um vendedor, que ama vender, tenta diariamente bater os índices de vendas, pois ele ama o que faz e quando se supera se sente bem. Mesmo quando ele não é um bom vendedor e não consegue bater os índices de venda, ele levanta a cabeça e tenta superar no dia seguinte. Ele entende que não pode superar suas habilidades todos os dias, mas deve e quer tentar supera-las diariamente. Isto lhe incentiva, e a cada venda que faz, sua motivação atinge níveis os quais tentara melhorar o resto da vida.

  Mas por favor, não confunda: "amar o que faz" com "fazer bem". Muita atenção meu amigo, você pode tropeçar e demorar muito tempo pra se levantar. O vendedor que citei anteriormente pode não ser um bom vendedor, mas ele ama vender e a cada venda que realiza, por menor que seja lhe incentiva e lhe mantém motivado a continuar e persistir. Com o praticante de parkour é a mesma coisa, o segredo não é gostar de fazer movimentos incríveis ou ter facilidade em faze-los. Mas sim amar a movimentação e treinar para melhora-la, não por dever mas por prazer.
 



  Antes de escrever este texto eu tinha varias razoes para fazer parkour, nunca tinha parado pra pensar no que realmente me motivava. Eu achava que sabia, assim ia levando meus treinos. Pensava que era para me superar, para encontrar meu limite, para buscar a liberdade. Enfim, eu nem pensava muito nisso, queria era alcançar a gradativa superação. Foi quando recentemente me deparei com um obstáculo alem das minhas capacidades, no começo pensei que podia supera-lo, eu queria supera-lo. Foram dois dias, eu estava lá, frente a frente com o obstáculo, vou ou não vou?
  Mas não era a hora, baixei a cabeça e falei rindo que faltava treino. Foi nesse momento que comecei a me questionar, era uma obrigação alcançar minha superação com o treino pesado, que venho realizando, ou um prazer? Antes era uma obrigação, hoje vejo e entendo como prazer. Hoje compreendo um pouco mais a minha movimentação e o que me motiva a me movimentar, estou motivado a trabalhar, a estudar e a treinar. Talvez seja esta a verdadeira essencia do parkour, apenas um motivo para você se movimentar.




-LeandroLudwig.

6 de julho de 2010

Procure entender.


A vida é realmente algo incrível, em um determinado momento você esta no paraíso rindo abestalhado com seus amigos e de repente, como se nada na vida durasse tempo o bastante para se aproveitar, vem um novo conceito e seu mundo desmorona. Você então se vê a beira de um precipício, dar um passo a frente e acabar com tudo, ou voltar e buscar entender este novo conceito?

Na beira deste abismo, fecho meus olhos e penso naquela tarde ensolarada que nunca retornara, estávamos lá, na sombra das árvores, rindo da vida e seguindo nosso caminho. Um flash vem em minha mente e lá estamos nós novamente, debaixo de um temporal. Incrível como não tinha tempo ruim né, não pensávamos nas guerras e suas causas, não pensávamos nas teorias e conceitos inovadores ensinados na faculdade, pensávamos somente no aqui e no agora. Era simples, ingénuo mas puro.

Hoje, tudo isto é apenas uma doce lembrança, que guardo com carinho no peito. Criei meus conceitos e você, meu amigo, meu parceiro de truco, meu irmãozinho, você criou os seus conceitos. Nós acreditávamos que seguiríamos eternamente o mesmo caminho, lembra cara? Hoje eu busco a eficiência e você a pureza, eu busco a arquitetura e você as leis. Eu penso em mudar este mundo e você luta para sustenta-lo. Algo no ar me faz acreditar que somos rivais, deve ser um vírus, hoje em dia é tão comum não é.

E nosso caminho, meu amigo? Bem, nossos caminhos estão sendo orientados por conceitos divergentes.
Consequentemente ja não são os mesmos, e raramente se cruzam. Abro meus olhos e do outro lado do precipício vejo você, meu velho amigo. Você já não é mais o mesmo, esta com outro olhar, outro rosto, outra feição e outros amigos. Eu me pergunto: o que aconteceu? Como aconteceu? Quando aconteceu? Você lá, eu aqui. Como?

É meu amigo, lentamente nossos conceitos nos afastaram, lembra quando nos conhecemos? Eu escutava e respeitava as loucuras que você dizia, apesar de não concordar, eu te apoiava, ah essas lembranças...
Hoje, as idéias inseridas em nossas mentes pela sociedade nos fazem crer que somos rivais, onde fomos parar não é? Será que eu te mataria para mudar o mundo? você me mataria para mante-lo? Até onde iremos levar nossos conceitos e nossos ideais? Vamos coloca-los acima de nossas famílias assim como colocamos acima de nossas amizades? Vamos?

Não meu amigo, nossos conceitos não são verdades absolutas. Por mais que tenhamos nossos objetivos pessoais, nossas aspirações e nossas divergências, seja no parkour ou na vida. Estes são apenas pontos de vistas pessoais, que criamos por obviamente perceber o mundo por uma perspectiva diferente. Não são, nem nunca serão, verdades absolutas as quais temos que colocar em primeiro plano, independente do que for. São conceitos meu amigo, apenas isto. Parkour é eficiência? é liberdade? Este é seu conceito, somente isso.

Verdade absoluta é a família, é a amizade e o amor. Estas sim são verdades absolutas, que devemos defender e lutar para manter acima de tudo. Como podemos ser tão ingénuos a ponto de perder uma amizade ou um amor, por defender um conceito pessoal?

E não me diga que falta respeito, o que falta ai é entendimento! Falta entendermos que pessoas diferentes, tiveram vidas diferentes e por isso tem visões diferentes. A partir do momento que as pessoas entenderem que realmente não são iguais, não vai ser mais necessario se falar em respeito. Respeito tem as pessoas que não entendem e não procuram entender, aquelas que falam "eu nao concordo com você, mas respeito". Respeita uma ova, só não entende e não quer discutir.

O que falta, no parkour e na vida, é o pessoal buscar entender. Mesmo que muitas vezes não concordemos com algo, temos que procurar discutir como aquilo funciona, argumentar o porque de ser assim. Estudar muito e buscar respostas, porque entendimento nenhum ira cair do ceu.
Enfim, se todos nós procurarmos entender nosso irmão, nosso amigo e nosso inimigo, o abismo existente entre nós ira sumir (ou pelo menos diminuir) e o falso "respeito" tão presente nos relacionamentos atuais será substituido pelo pleno entendimento. 





Enfim, isto é apenas meu conceito, procure entender.

Abraços e bons treinos.


-LeandroLudwig

29 de junho de 2010

Foram vocês meus velhos!

Quando nascemos somos batizados com um nome que não escolhemos,  por obrigação amamos uma determinada religião e sem saber o porque, crescemos estudando coisas que jamais iremos usar em nossas vidas. Aprendemos a rezar e a odecer os mais velhos, mesmo quando estamos certos e eles errados. Nos ensinam que nunca devemos roubar e jamais devemos prejudicar o próximo. Porem, crescemos vendo padres estrupadores, pais adúlteros e politicos corruptos.


Dizem que bom mesmo era a geração anos 70, que ia para as ruas protestar e expressavam suas ideias sem medo.

A juventude de hoje é a podridão do mundo, somos nós os responsáveis pelo acumulo de CO2 na atmosfera e somos nós quem rezamos e incentivamos padres pedófilos que não querem nada a não ser nosso dinheiro na cestinha do altar, somos nós não é meu velho?

O mundo ta perdido, e os culpados, os culpados somos nós? Perai, nós somos culpados de em toda nossas vidas tentarmos concertar um erro cometido no passado? De irmos a uma festa em um sábado a noite, em vez de ficarmos em casa assistindo o jornal mostrar os crimes cometidos por causa de uma herança podre que recebemos de nossos pais? Vamos respeitar os mais velhos sim, mas diferente deles vamos cuidar do planeta, vamos estudar, vamos viver corretamente e principalmente vamos amar! Vamos curtir cada segundo respirado, mas de forma correta, para que por fim, quando todos os erros do passados forem concertados, nós "jovens de hoje em dia", possamos com a consciência limpa e a cabeça erguida afirmar: foram vocês meus velhos, foram vocês!



8 de junho de 2010

Sobre-vida na cidade. 2

Conseguimos com muito sucesso realizar neste sábado e domingo o treino de "sobre-vida na cidade", participaram da experiência: Eu, Timóteo, Jean, Tiago e Jack. O evento ocorreu de uma forma diferente da inicialmente planejada, na alimentação gastamos apenas 5 reais cada um ao invés dos 10 programados para todo o final de semana. (a idéia era não ter luxo, sentimos que 10reais nos daria um certo luxo e por isto durante a experiência traçamos a meta de 5reais por pessoa.)

Começamos a experiência as 8 horas da manhã no parque Ramiro Rudger, todos já devidamente caracterizados de moradores de rua. Já no local percebemos as constantes "olhadas" que as pessoas nos davam, como se nós não poderíamos estar naquele local daquela forma.


8hrs da manhã, parque Ramiro Rudger. Da esquerda para direita: Tiago, Timóteo, Jack, Jean e Leandro.

Saímos do parque Ramiro e caminhamos até a praça dos estudantes, lá nós deitamos no chão, tocamos violão e nos divertimos um pouco (cantando musica e treinando parkour). Logo após, deveria ser 11hrs, não sei precisamente porque ninguém tinha relógio, fomos até o mercado angeloni comprar algo para comer.
(algo = banana e tangerina..haha)

No mercado, foram varias as reações das pessoas ao nos ver: umas olhavam de canto de olho fingindo não nos ver, outras olhavam descaradamente para nós e teve até as que nem perceberam nossa presença. Entretanto, foram duas as reações sofridas e comentadas por nós que mais chamaram nossa atenção. A primeira situação ocorreu no mercado, uma moça foi pedir informação ao nosso amigo Tiago, olhando nos seus olhos, sem dar a mínima importância para suas roupas, após tantos pré conceitos foi fantástico e quase inacreditável. Também no mercado, ocorreu a segunda reação, totalmente oposta a primeira, uma senhora parou o carrinho quando nos viu e olhou indignada para nós, olhando desde nossos pés descalços até nossos cabelos revirados, o mais incrível foi ver que ela não teve medo de expressar o que ela pensava sobre a situação como a maioria das pessoas fazia. Ela parou o que fazia para nos olhar, foram duas situações igualmente incríveis.

                                                sábado de manhã, acho que era 11hrs..
Enfim, chegando no angeloni, compramos bananas e tangerinas para comer no "almoço". Comemos no meio da rua, em um espaço pequeno de grama, aproveitamos e dormimos um pouco ali mesmo. Não deu muito tempo, tivemos que ir em um local mais reservado, pois muitos carros buzinavam ou berravam impossibilitando nosso sono no local. Nos dirigimos então para a Praça do Chinta, onde longe da visão das pessoas conseguimos descansar um pouco.

                                                          Praça do chinta. Na foto: Jack, Tiago e Jean.

Quando acordamos já era de tarde e seguimos andando até a rodoviária, lá  tive que comprar um remédio  para dor de cabeça (2reais), dor que provavelmente surgiu por treinar e caminhar pela manhã de barriga vazia (eu nunca tinha feito isso e meu organismo reagiu mal a situação). Saímos da rodoviária e andamos em direção a praça do Biergarden, todos com os olhos sempre atentos nos lixos, a procura de papelão para dormir em cima quando a noite chegasse. Encontramos muito papelão na rua 15 de Novembro, rua mais movimentada da cidade, pois passamos pelo local bem na hora em que as lojas estavam colocando os lixos e as caixas vazias na rua.

No momento em que estávamos procurando papelão para levar ao local onde iríamos dormir, uma lojista saiu de uma das lojas e me perguntou gentilmente com um olhar humilde e caridoso se eu queria mais papelão, eu surpreso/perplexo/assustado com a pergunta feita e pelo modo com que a lojista me olhou, prontamente agradeci a gentileza mas neguei, justificando já ter o suficiente para dormir.
(naquele momento, acho que todos nós nos sentimos moradores de rua de verdade...pois a situação nos forçou a entrar a fundo no "papel" de morador de rua e consequentemente ser tratado como tal)

Chegando na praça do biergarden, jogamos todo o papelão recolhido para dentro do edifício abandonado, que fica ao lado do Biergarden, edifício escolhido por nós para passar a noite. Após deixar o papelão no local onde iríamos dormir, decidimos ir ao mercado para comprar o que iríamos jantar. Compramos varias bananas, 98centavos o kilo na promoção, um miojo para cada um e dois pacotes de bolachas de coco. Comemos do lado de fora do supermecado, conversamos um pouco sobre como estávamos nos saindo e sobre os principais acontecimentos do dia.

Após comer e conversar um pouco nos dirigimos até a praça dos pombos, onde decidimos treinar um pouco, já estava escuro e o frio juntamente com o cansaço por caminhar o dia inteiro fez brotar em nós uma preguiça das brabas. Mas felizmente conseguimos supera-la após realizarmos uns alongamentos e aquecimentos caprichados (hahaha). Treinamos aproximadamente 1 hora no local, depois do show de gaita e violão proporcionado por nossos amigos Tiago e Timóteo decidimos ir arrumar o canto onde iríamos dormir no prédio.

 Deveria ser 23hrs de sábado..
Subimos até o ultimo andar do prédio e apreciamos a vista única e deslumbrante da cidade, oferecida por aquele velho e sombrio edifício. Arrumamos os papelões no penúltimo andar e nos deitamos para dormir, o combinado era conversamos um pouco antes de dormir mas o cansaço fez com que todos ficassem em silencio e tentassem dormir.

                                                
          
                                        
Porem, não contávamos com a festa que estava acontecendo na choperia expresso, que fica exatamente ao lado do edifício. O barulho da festa atrapalhava muito o sono e quando estávamos quase dormindo, fomos surpreendidos por dois "moleques" que saíram da festa para subir o prédio. (não sei por que...acho que para ver a vista lá de cima, não sei...)

Quando eu os vi, me levantei e fiz com que me vissem, foi o suficiente para fazer com que eles se assustassem e fugissem correndo. Nos levantamos e pudemos observar os mesmos "moleques" contando o que viram aos amigos, dizendo pra eles não subirem que tinha mendigo no prédio e bla bla bla. Enfim, passados 15minutos aproximadamente, um grupo de 10 meninos subiu o prédio para fazer bagunça, foi quando meu instinto de morador de rua falou mais alto (hahahaha), sem pensar revirei o que tinha próximo e berrei para eles saírem, falei alguns palavrões com a voz grossa e exclamei que a festa era do lado e não ali no prédio. Por se tratar de "molecada" eles pediram desculpas e desceram com medo (falaram exatamente assim: "não cara, de boa, tamo saindo..de boa de boa"), as pessoas tem medo dos mendigos por estes serem imprevisiveis e não terem nada a perder, eu na hora sabia disto e usei instintivamente na situação para nos proteger de maiores complicações.

A noite foi muito fria e por estarmos no penúltimo andar, o vento frio vinha forte. Não tínhamos nada alem da nossa roupa do corpo e um velho cobertor levado pelo Tiago para embrulhar o violão, não tinha como fugir do frio. Passamos muito frio, impossível eu descrever o sofrimento que foi passar aquela noite, para mim parecia eterna. Quando me falaram que na torre do shoping marcava 3horas da manhã eu achei que não aguentaria o frio e o som ensurdecedor da danceteria, confesso aqui que quase pedi "arrego" e só aguentei por não ter a quem pedir o tal "arrego". (haahhaha, cabreiro!)
Tive que aguentar, assim como meus amigos aguentaram e assim como todo morador de rua aguenta enquanto nós dormimos em nossas camas acolchoadas. ( a verdade incomoda, e somente quando vivemos na pele tais verdades é que podemos parar para refletir um pouco mais sobre a situação, ta certo que vivemos a situação em menor escala...mas mesmo sendo em uma escala pequena de 2 dias, percebemos coisas que não perceberíamos em uma vida inteira..)

  


8hrs da manhã de domingo




Acordamos e no relógio do shoping marcava 8 horas, repartimos umas bolachas de coco que compramos no supermercado no dia anterior. Depois, uns se deitaram no sol pra tentar se aquecer, pois ainda estava muito frio, outros continuaram no papelão. As 11hrs da manhã, começamos a nos alongar no alto do prédio e ensaiamos um inicio de treino, mas a noite mal dormida e a alimentação mal feita deixaram nossos corpos cansados e sem energia pra treinar.


Entretanto nossa ânsia em querer treinar fez com que saíssemos do prédio e treinássemos na praça dos biergarden, treinamos um pouco e nos deslocamos em direção ao parque Ramiro Rudger.

           Treino no Biergarden, deveria ser meio dia...vida sem relógio é complicada..haha

O treino no bier acabou não rendendo muito e fomos novamente para a praça dos pombos,com a intenção de na praça treinamos um pouco mais pesado. Treinamos novamente muito pouco, a cabeça queria treino mas o corpo não oferecia a menor condição. Na praça, após decidirmos nosso rumo do dia, tivemos a inexplicável chance de ver nossos amigos Timóteo e Jean interagirem um pouco com as pombas.
(Jean, eu vou parar no "interagirem", fica tranquilo..ahhaahahah)


                                 Meio dia, praça dos pombos, Timóteo e Jean respectivamente.

Terminamos nossa inexplicável experiência no parque Ramiro, onde dormimos um pouco antes de realizar o ultimo treino do final de semana. No local, um menininho de 7 anos que não conseguia ouvir nos viu fazendo uns movimentos e se aproximou tentando contato (não dando a mínima para nosso estado...estávamos fedidos, sujos e com roupas velhas..). Brinquei um pouco com ele, meio que em tom de desafio ele apontava algo e queria que eu realizasse, depois eu fazia o mesmo com ele. Quando o que ele pedia era humanamente impossível ou alem das minhas habilidades eu ria dizendo que não conseguia e pedia para ele fazer, ele também ria e fazia sinal de não com os dedos. Fato incrível que durou uns inesqueciveis 20min, eu pessoalmente não reparei, mas sinceramente me alegrei muito quando disseram que o brilho no olhar do avô do menino era intenso. Um fato a parte, que me alegrou muito naquele momento e que levarei comigo na memoria.

E para finalizar, quando íamos embora veio a grande surpresa, como tudo no Brasil, nosso final de semana iria acabar em pizza! Timóteo e Tiago fizeram o duvidoso convite para todos irem comer pizza na casa deles, onde seus pais estavam fazendo varias pizzas para nós, obvil que no momento ninguém acredito. Imagina um monte de caras sujos e fedorentos, serem convidados para comer pizzas após um final de semana morando na rua. Ta certo que sempre que tem reunião da associação na casa do timo tem varias coisas para comer, e que sempre somos muito bem tratados e etc etc. Mas pensamos que era sacanagem, eu mesmo jurava que era traquinagem dos dois (hahaha). Mas no fim os dois salafrários tavam falando a verdade, caminhamos até a casa do Tio Ademir e da Tia Iris (pais do Timóteo e do Tiago), e la estava aquela mesa CHEIA de pizzas. Cara, sinceramente? esse final de semana foi surreal desde o inicio até o fim, eu ainda não acredito em nada do que aconteceu...


                              



Eu poderia ter feito um texto dizendo e enaltecendo todas as coisas que aprendemos nas ruas, poderia dizer que na segunda feira esqueci meu celular em casa por que nem lembrava que tinha um celular. Poderia dizer que reparei mais no amortecimento do meu ténis, que quando acordo não preciso procurar comida verdadeiramente ou que minha cama esta sempre protegida do vento frio. Poderia citar e refletir sobre vários aspectos vividos por nós nas ruas aqui de Blumenau, mas não sobrou espaço para tanto. Preferi enaltecer aqui a experiência por nós ali vivida, preferi relatar o que de fato aconteceu. Por que no final, são estas pequenas lembranças e experiências que transformam nossas vidas que realmente valem a pena ser revividas.



Assim, mais uma vez, a rua nos mostra
A frieza da sociedade,
O pouco caso dos governantes,
As drogas da vida
E a tristeza de um povo esquecido.
 
                                           (Mariana Zayat Chammas)