16 de dezembro de 2010

Eu no mundo.

 A cada dia que passa, as ações a minha volta vão cada vez mais contra meus princípios, me sinto perturbado do momento em que me levanto ao momento em que vou dormir. Devo estar com fobia social, ou eu deveria estar, sei lá. O fato é que olho ao meu redor e vejo um mundo que não quero pertencer, a cada dia que passa vejo em minha volta pessoas com pensamentos fúteis, buscando nada mais do que a ilusória e forjada felicidade moral. Saio de casa e ao passar por um desconhecido tranco a respiração para não respirar a podre fumaça que lhe é expirada, ando na cidade e me nego a escutar os vazios desejos e vagas ideias que tentam dizer as pessoas a minha volta.

Acho que eu deveria ter nascido na pele de um índio e viver no meio do mato, mesmo sabendo que minha pele não tenha influencia alguma para guiar meus pensamentos, seria mais fácil encontrar a paz vivendo no meio do mato longe de toda essa podridão sem rumo que é a nossa sociedade. A ideia que a raça humana é parasita do planeta me é constante, e tenho minhas razões para acreditar que a cada dia que passa eu me torno um pouco mais parasita também.

As pessoas tentam virar o rosto para as atitudes e situações ruins, se escondem em suas florestas pessoais para conseguirem sorrir e viver "bem". Passam por um mendigo e viram o rosto. Quando vêem na televisão pessoas morrendo de fome simplesmente trocam de canal. As pessoas não querem ver a realidade do mundo porque a realidade do mundo conflita com suas próprias realidades. Dizem amar um Deus, que no fundo desconhecem, para serem bem vistos na sociedade, usam correntes de prata para serem admirados na sociedade, bebem cachaça para se socializarem melhor nessa sociedade. Mas que sociedade?

Sociedade. Nada mais que um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, interagindo entre si e formando uma comunidade.

Mas perai, quais são estes propósitos compartilhados hoje pela nossa sociedade? Olhe pro lado e veja você mesmo, o propósito hoje nada mais é que enriquecer, os que dizem ter na felicidade o propósito máximo de sua existência tem a felicidade como sinonimo de riqueza, é fato. Quais as preocupações compartilhadas pela nossa sociedade? Enriquecer ou a fome no mundo? E os costumes? Buscar ser feliz para conseguir enriquecer, ou enriquecer para conseguir ser feliz?

Pois é, essa é a interação das pessoas e este é o mundo que se desenvolve a minha volta. E nada me faz crer que isto ira mudar. Não existe revolução pra mudar os valores das pessoas. Não existe educação que mude os conceitos e ideias de uma pessoa adulta que já os tem bem solidificados.

Acredito que somente quando nossa sociedade estiver na beira de um precipício e não tiver mais grama para correr, não tiver mais ar para respirar e não tiver mais água para beber. Somente quando isto ocorrer, todos nós iremos sentar em uma mesa com os bolsos vazios e conversar sobre o mundo em que vivemos e sobre como podemos melhora-lo acima de tudo. Até lá, continuo lutando contra o mundo e contra meu eu que quer simplesmente pertencer e ser feliz neste mundo. Continuo lutando para que a parte de mim que não se conforma com este mundo continue não se conformando. Continuo lutando para poder ver pequenas e isoladas atitudes acontecerem de onde menos se espera. Pois enquanto as pessoas não encontrarem seus precipios interiores, e não se conformarem que de fato podem mudar o mundo, seram as pequenas e isoladas atitudes que o mudaram.




"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos, preocupados e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade é só isso que o tem mudado". - Margaret Mead





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