17 de setembro de 2012

Por ela.


Dos que iam e vinham,
dos que vão e estão.
É a prainha que nos canta,
É a prainha que diz não.

Pela cultura que tinha,
Pelo povo que desdem.
É o rio que nos move,
É o rio que nos tem.

Esta sufocante, esta doentio.
É pedra na prainha,
É concreto no rio.

Queremos e podemos,
Salvar e transformar.
A prainha que amamos,
Iremos despredar.

A democracia é do povo,
que viu e decidiu.
Se há pedra no caminho,
Que não fique no rio.

15 de agosto de 2012

Na margem da indiferença.

Nossa vida corrida, objetivos desejados e prioridades traçadas, nos deixam a margem de uma série de fatores que agem positiva ou negativamente em nosso dia a dia. Desta forma, diariamente estamos a margem da desigualdade, da felicidade, dos crimes e das injustiças. Mas nenhuma destas margens nos afeta tanto quanto estar à margem da indiferença. Na indiferença de ocupar terras altas ou baixas, firmes ou instáveis, as gerações passadas ocuparam áreas de enchentes e topos de morros. E na consequência desastrosa destas indiferenças passadas as gerações presentes não conseguiram absorver nenhum aprendizado no que diz respeito ao uso, ocupação e alteração do solo. 

Sendo assim, hoje, novamente, à margem desta mesma indiferença, recebemos a noticia que a margem esquerda do nosso histórico e indefeso Rio Itajaí-Açu será modificada, desmatada e concretada. Geólogos, arquitetos, ecologistas, engenheiros florestais e urbanistas, mesmo juntos não puderam argumentar nem mesmo participar deste processo. Sem a participação da população e de uma vasta gama de especialistas, o projeto da nossa prefeitura foi assinado e teve parte da verba (9,6milhões) liberada pelo Badesc nesta semana. 

Em contra partida, a consequência deste ato, será sofrida de forma conjunta por todos nós. Assim como foi em 2008 quando as ocupações nos morros sofreram deslizamentos e como foi a partir de 1968 quando concretaram a beira rio, aumentando a velocidade de escoamento do Itajaí-Açu resultando nos deslizamentos na margem esquerda. 


Hoje, por hora, a vida continua e o rio prossegue tímido sua jornada. Entretanto, o tempo irá passar. E com ele os estragos causados não somente pela dita "urbanização" da margem esquerda, mas principalmente pela larga margem de indiferença que assombra diariamente nosso rio, povo e cidade.







10 de março de 2012

2° Congresso Internacional: Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social – CHIS 2012.


Estudando e desenvolvendo mais um projeto de concurso:


 Porto Alegre tem se afirmado internacionalmente como palco de debates relacionados a políticas governamentais globais e possibilidades de ações sociais. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUCRS, inserida nesse contexto de afirmação constante das práticas da cidadania e de inclusão social, atuante decidida em ensino, pesquisa e extensão focados no direito à moradia digna e na qualificação da arquitetura de interesse social, deseja propor o Concurso Internacional de Estudantes do Congresso CHIS 2012. O Concurso será uma oportunidade para refletir e abordar, a partir de uma situação local, questões que afligem muitas cidades no mundo inteiro. 


Os projetos apresentados no Concurso Internacional de Estudantes deverão propor intervenções arquitetônica, urbanística e paisagística, visando à re-inserção social da população local aliando-se à recuperação da área atualmente ocupada da Ilha do Pavão, na margem do Lago Guaíba, no Delta do Rio Jacuí, Porto Alegre. 



link do site do congresso: http://www.pucrs.br/fau/chis2012/




24 de fevereiro de 2012

Dois pra lá, dois pra cá.



Como se dançasse um bolero, o trânsito em Blumenau vai dois pra lá dois pra cá e não sai do lugar. Pois quando se implantam medidas positivas para a boa fluência do trânsito, como o corredor de ônibus, se exclui outras medidas positivas como as ciclovias e ciclofaixas. Fato que ocorreu literalmente na rua São Paulo, em frente escola Machado de Assis. Consequentemente, como nos ensina a física, toda ação traz uma reação. E a não ação do governo no que diz respeito a ciclovias esta causando uma reação meio obvia no trânsito, o ciclista sem opção esta utilizando o próprio corredor de ônibus para se deslocar. É obvio, tire as calçadas e veja se o pedestre não irá andar na rua.


Cria-se então um atrito desnecessário e retrogrado entre ônibus e bicicleta. Digo retrogrado pois em cidades modelos, ônibus e bicicletas são aliados e trabalham juntos para um transito mais fluente e integrado. Não devemos nos restringir escolhendo entre ônibus, bicicleta ou carro. Devemos sim, valorizar a intermodalidade entre estes diferentes modais. Corredor de ônibus não é a solução para o trânsito de Blumenau, assim como os carros e bicicletas também não o são. Talvez nunca exista um único meio de transporte que resolva o trânsito em nossas cidades contemporâneas, não se trata de encontrar uma única solução.

Até porque nosso trânsito atende pessoas com necessidades e interesses diferentes, desta forma necessita de diferentes soluções. E estas diferentes soluções se fundamentam principalmente na integração harmoniosa entre os diferentes modais, nossos ônibus e nossas recentes estações de pré embarque precisam ser adaptados urgentemente as bicicletas tanto quanto o são aos pedestres e carros. Bons exemplos e referencias para tal integração não nos faltam, talvez nos falte uma visão de futuro que vá alem de 2050.  Uma visão de futuro aplicada agora no presente, que transforme a energia gerada por estes atritos desnecessários em ações positivas. E que estas ações positivas façam nosso trânsito ser movido ao som de um novo bolero. Um bolero harmonioso, fluente e integrado.

19 de fevereiro de 2012

Vivo ou morto.



Morte é chegada, a vida é partida.
Morte é à noite, vida que foi um dia.

Viver é poder e não querer, querer e não poder.
Morrer é não poder escolher.

Vida é poder, vida é luz.
A morte escuridão, luz que se traduz. 

Vida e morte, dia e noite.
Se morte traduzida é vida, vida traduzida é morte.
O que é a vida?

Morte é mistério, vida é surpresa.
Morte é uma surpresa, ou será a vida um mistério?

Vida é cada instante, morte é um instante.
Vida é um instante, ou será a morte em todos os instantes?

Se existir, é viver.
Viver sem existir, é  morrer.
O que é a morte?

Morrer sem viver é morte.
Morrer e viver é milagre.
Viver e morrer é a vida.
É a vida, é a morte.

Vida ou morte, querer ou poder.
Ter ou perder, ser ou não ser.
Amar a vida ou querer morrer?

Querer a vida é querer a morte.
Viver bem, ou viver mal.
Morrer bem, ou morrer mal.
Viver e morrer.
Morto ou vivo.



Fiz a bastante tempo atrás e nunca postei...vasculhando os rascunhos do blog encontrei e decidi compartilhar...

14 de fevereiro de 2012

Cidade da benção.



Senão, é como amar uma cidade só linda. E dai? Nossa Blumenau tem que ter algo alem da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de casarão histórico tombado. Uma beleza, que vem da tristeza de se saber cidade. Feita apenas para amar, para sofrer pelo seu cidadão e para ser só perdão.


Com a benção de Vinícius de Moraes, peço perdão Blumenau. Perdão por ter uma escola que não preserva a historia de sua cidade, por ter uma escola que não ensina as nossas crianças que uma cidade tem que ter qualquer coisa alem de estacionamentos e de carros. Digo isto pois a demolição do casarão histórico ao lado da escola Machado de Assis foi algo para se pedir perdão. Pois foi fundamentada na falta de estacionamentos originados pelo corredor de Ônibus criado na rua São Paulo. Fato que não ocorreu. O corredor de ônibus retirou a ciclofaixa, não estacionamentos. Se a demolição do casarão esta assim fundamentada, deveria-se então ao menos criar no local do casarão bicicletários e ciclofaixas. Os estudantes que não usão carros e a comunidade como um todo agradeceria o feito.
Caso contrario a demolição do casarão reflete somente o descaso da cidade e de seus cidadãos com sua historia, um descaso que ensina nossas crianças que é melhor demolir do que restaurar. Pois se a construção histórica apresentava riscos, foi por não receber restauros ao longo de sua já apagada historia. E se de fato apresentava tais riscos, o minimo que a população merecia eram estudos comprovando tais riscos. O que não aconteceu. Tudo o que foi apresentado a população não passou de suposições de riscos.



Mas quando digo que esta cidade foi feita apenas para amar, para sofrer pelo seu cidadão e para ser só perdão. Digo isto tendo em vista a Casa Salinger, pertencente a FURB. Que sem nenhum cuidado esta deixando a casa apodrecer, sem receber nenhum restauro ou reforma. Talvez para depois alegar os supostos riscos e poder demolir parte da historia da cidade sem nenhum perdão. Samba da benção para nossa cidade do perdão, porque o samba nasceu lá na Bahia, e se hoje ele blumenauense na poesia, é porque não é mais samba não.

20 de janeiro de 2012

Nem os poetas

Poetas tentam descrever,
o que há no mais profundo do ser.
A grandeza do infinito,
o nascer e o morrer.

Poetas tentam descrever,
a singularidade do abstrato,
o doce do amargo.

O que há no mais profundo do ser,
o nascer e o entardecer.
Nem os poetas podem descrever.

A beleza que ofusca,
que nasce para morrer.
O que há no mais profundo do ser?


17 de janeiro de 2012

No meio do caminho.

Se Drummond fosse blumenauense, eu o imaginaria recitando as margens do Itajaí-Açu a seguinte poesia: No meio da cidade tinha um rio, tinha um rio no meio da cidade. Nunca me esquecerei de suas paisagens e cheias na vida de minhas retinas tão fatigadas. Tinha um rio no meio da cidade, no meio da cidade tinha um rio.

De fato, tem um rio no meio de Blumenau, um rio impetuoso e belo, que serpenteia nossa linda cidade assim como as poesias de Drummond serpenteiam nossa alma. Entretanto, ao longo da historia, com tantas catástrofes envolvendo nossa cidade e seu rio, sabemos o quanto ele é imponente e destrutivo.
Mas sabemos, verdadeiramente, o quanto grandioso e magnifico é nosso Itajaí-Açu? Sabíamos, em um tempo passado que estamos apagando.



Com o passar dos anos e as sucessivas cheias, o povo blumenauense vem dando as costas para o rio, associando a este somente sentimentos de desgraça e tristeza. Resultado disto é um comercio que se volta cada vez mais para a rua 15 de novembro, talvez por medo de ter suas "belas vitrines" ofuscadas pela exuberante paisagem do rio em um entardecer.

Não bastasse o olhar desiludido do povo e a falta de perspicácia dos comerciantes, os que planejam nossa cidade cercam as margens da beira rio e acabam com qualquer possibilidade de interação com o rio que poderia surgir. Revitalizaram toda a beira rio e não criaram nenhum atrativo, como se calçada decente e banquinhos de madeira fossem um diferencial para um dos pontos mais importantes da cidade. Criaram estações de pré embarque encaixotadas e fechadas com ar condicionado, impossibilitando apreciar a paisagem enquanto se aguarda o ônibus.

Nega-se todo o potencial hidroviário que o rio possui, sendo navegável em grande parte de sua extensão. Mas o pior de tudo é que todo este descaso esta sendo tratado com uma normalidade absurda, como se o Itajaí-Açu fosse uma pedra no caminho da nada poética cidade de Blumenau.