5 de março de 2010

Familia Parkour Blumenau.

Durante muito tempo o parkour em Blumenau se manteve puro e sem nenhum tipo de conflito, era simples, todos combinavam um local em determidado dia e iam fazer parkour para se divertir. Era e talvez ainda seja, em sua essencia um parkour puro e verdadeiro, ja que tinha sofrido pouca interferencia externa em termos fisicos e psicologicos. Me arrisco a dizer que a interferencia externa sofrida foi extritamente a necessaria para que tudo começasse e evoluisse de forma natural, nem mais nem menos. Não tivemos ninguem aqui para nos dar conselhos, ninguem para nos motivar quando estavamos desacreditados muito menos alguem para nos ajudar quando estavamos empenhados, começamos na raça e na coragem. De forma verdadeiramente pura, como muito lugar visado do Brasil não chega nem perto de ser.


Não discutiamos razões de porque fazer parkour ou de qual era a filosofia do parkour, não discutiamos as noticias do parkour que aconteciam fora da nossa cidade, apenas faziamos parkour e acreditem, nós nos divertiamos! Ninguem falava que treinava em casa ou que estava se dedicando muito, ou se treinava braços ou pernas, nós apenas faziamos parkour da nossa forma e da nossa maneira. Nem mesmo tinhamos uma postura idealizada em nossa mente de como um tracer de verdade deve pensar e agir, apenas faziamos nosso parkour da nossa forma.

Era simples e perfeito, mas a grama do vizinho é sempre mais bela. E com o passar do tempo começamos a agregar aos nossos treinos, e consequentemente ao nosso parkour, varias formas de pensamento e metodos de treino de tracers de outros lugares. Agregamos tais valores e realmente muita coisa melhorou, tanto fisico quanto mentalmente estamos mais maduros.

Mas ao agregar tais valores em nosso parkour, falo especificamente do parkour de Blumenau, perdemos um pouco de nossa personalidade conjunta, aquilo que chamamos de FAMILIA. Quando nós evoluimos fisicamente e tecnicamente devido ao treino constante e suado, involuntariamente exigimos que todos da nossa "familia" tomem a mesma postura, o que socialmente falando não é correto. Cada um de nós, cada membro desta familia tem suas necessidades e aspirações, e de tal forma deve ser respeitado. Ninguem de familia alguma é obrigado a seguir a mesma profissão ou mesmo caminho. E é por isto que se chama familia ao invés de equipe, uma equipe é um conjunto de pessoas com mesmos objetivos e metas. Uma familia não, uma familia é um conjunto de pessoas com ideias divergentes ou não e caminhos divergentes ou não.

Quando eu escolho seguir o caminho da evolução fisica e intelectual jamais poderei escolher pelo meu irmão de treino o mesmo, seu irmão pode estar lá para se divertir, por que não? Ou pode estar lá em um domingo de sol escaldante, simplesmente por que gosta de conversar com você. O mesmo acontece com uma ideia, posso e tenho direito de expor minhas ideias para meus familiares, mas jamais poderei colocar minhas ideias como sendo as ideias de minha familia. Novamente, fazendo isto seriamos uma equipe e seguiriamos o mesmo caminho.

Digo isto tudo por que para esta familia grande e feliz, chamada Parkour Blumenau, continuar existindo temos que agir mais como irmãos e menos como tracers. É dificil, é complicado, mas quando se tem caminhos divergentes escolhas tem de ser feitas e sacrificios assumidos. Se você vai no treino por que gosta de brincar com seus irmãos do parkour, por favor não deixe de ir (hahaha), mas faça o sacrificio de respeitar o treino dedicado dos mesmos. Já você que vai para treinar, evoluir e beirar o seu limite, faça o sacrificio de brincar com seu irmao de vez enquando.
Ser tracer é treinar para transpor obstaculos, dentro de uma familia (seja ela qual for) estes pequenos sacrificios são os obstaculos a serem transpostos. E quem sabe, depois de um tempo você perceba que os sacrificios que você fez pelo seu irmão na verdade não passavam de lições ensinadas pelos mesmos e que lhe serviram de base em todos os aspectos de sua vida.
E que esta familia chamada Parkour Blumenau, viva durante anos e nos ensine mais e maiores lições. Para que talvez, tambem daqui alguns anos, possamos levar nossos filhos ao parque e vivenciarmos a historia se repetindo, de forma pura, natural e verdadeira.


- Leandro Ludwig.

Um comentário:

§e¢kSon disse...

Cara esse texto me trouxe lembranças,
remecheu sentimentos e concluiu conceitos(ao menos, até que esses conceitos sejam reeditados por novas experiências!!:)
É isso aí, lutamos no passado para evitar um grupo e construir no lugar deste um conceito de união, um conceito de família. E hj vendo o desenvolvimento do Pk em Bnu não tenho dúvidas, de que essa, foi a melhor escolha poderíamos ter tomado.
E com um sorriso esperançoso no rosto eu concluo este post, imaginado uma futura cena que, provavelmente, ao deixar de ser um pensamento e se tornar um vislumbre para meus olhos, arrancará de novo um sorriso esperançoso desta face, já então mais envelhecida e com as marcas do amadurecimento do tempo. A cena esta é a de ver os "Juniors", filhos de nossa carne, se divertindo nos lugares onde antes nós o fazíamos, tentando com suas curtas pernas e com limitado equilíbrio reproduzir os movimentos de seus pais, sem saber que estão, na verdade, trilhando um novo caminho.
É com o objetivo de poder vislumbrar tal coisa que não canso de lutar pelo Pk em Bnu.
Essa é a força da minha esperança: a visão de nosso futuro!!!