23 de dezembro de 2010

Estamos vivos.

Faz mais de 2anos que não publico um vídeo, então nestes últimos dias que estive na praia decidi fazer algumas filmagens pra ter como recordação da minha movimentação e evolução. Não quero que ninguém publique o vídeo em comunidade de orkut alguma, até porque a onda de vídeos ta desvirtuando as razões de se praticar parkour, e não quero fazer parte disto.

Sobre o vídeo, não se trata de um vídeo de parkour impressionante, até porque não tem movimentos incríveis. O vídeo, juntamente com as ideias da musica, retratam um momento que estou passando, momento de reflexão sobre o mundo em que vivo e de alegrias pela minha atual situação.
Vivi um dos meus melhores anos neste 2010, tive muitas tristezas por diferentes razões, mas nada que chegue perto de arranhar a intensidade dos momentos felizes que vivi. Agradeço muito a todos que de certa forma interferiram para que eu pudesse viver o que vivi neste ano, meus amigos, meus pais, meu emprego estressante, minha faculdade puxada, tudo! Muito obrigado!

Apesar de ter um ano fantástico, tenho olhado a humanidade com desesperança, nada que afete minha determinação de injetar nesta sociedade mudanças, mas atitudes e situações da nossa sociedade me fazem andar com a mente e os olhos atentos. Agradeço muito o ano que vivi, mas não o ano que a humanidade viveu. Minhas tristezas em partem derivam do fato de eu não ter feito muito pela sociedade, fiz minha parte, o que hoje em dia já não basta. Por isto, começo 2011 com esperança de que parte da minha felicidade seja a felicidade de alguém, que parte das minhas ideias influencie e transforme positivamente a vida de alguém.
 E desejo a você  um 2011 cheio de alegrias, cheio de emoções e cheio de vida.







16 de dezembro de 2010

Eu no mundo.

 A cada dia que passa, as ações a minha volta vão cada vez mais contra meus princípios, me sinto perturbado do momento em que me levanto ao momento em que vou dormir. Devo estar com fobia social, ou eu deveria estar, sei lá. O fato é que olho ao meu redor e vejo um mundo que não quero pertencer, a cada dia que passa vejo em minha volta pessoas com pensamentos fúteis, buscando nada mais do que a ilusória e forjada felicidade moral. Saio de casa e ao passar por um desconhecido tranco a respiração para não respirar a podre fumaça que lhe é expirada, ando na cidade e me nego a escutar os vazios desejos e vagas ideias que tentam dizer as pessoas a minha volta.

Acho que eu deveria ter nascido na pele de um índio e viver no meio do mato, mesmo sabendo que minha pele não tenha influencia alguma para guiar meus pensamentos, seria mais fácil encontrar a paz vivendo no meio do mato longe de toda essa podridão sem rumo que é a nossa sociedade. A ideia que a raça humana é parasita do planeta me é constante, e tenho minhas razões para acreditar que a cada dia que passa eu me torno um pouco mais parasita também.

As pessoas tentam virar o rosto para as atitudes e situações ruins, se escondem em suas florestas pessoais para conseguirem sorrir e viver "bem". Passam por um mendigo e viram o rosto. Quando vêem na televisão pessoas morrendo de fome simplesmente trocam de canal. As pessoas não querem ver a realidade do mundo porque a realidade do mundo conflita com suas próprias realidades. Dizem amar um Deus, que no fundo desconhecem, para serem bem vistos na sociedade, usam correntes de prata para serem admirados na sociedade, bebem cachaça para se socializarem melhor nessa sociedade. Mas que sociedade?

Sociedade. Nada mais que um conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, interagindo entre si e formando uma comunidade.

Mas perai, quais são estes propósitos compartilhados hoje pela nossa sociedade? Olhe pro lado e veja você mesmo, o propósito hoje nada mais é que enriquecer, os que dizem ter na felicidade o propósito máximo de sua existência tem a felicidade como sinonimo de riqueza, é fato. Quais as preocupações compartilhadas pela nossa sociedade? Enriquecer ou a fome no mundo? E os costumes? Buscar ser feliz para conseguir enriquecer, ou enriquecer para conseguir ser feliz?

Pois é, essa é a interação das pessoas e este é o mundo que se desenvolve a minha volta. E nada me faz crer que isto ira mudar. Não existe revolução pra mudar os valores das pessoas. Não existe educação que mude os conceitos e ideias de uma pessoa adulta que já os tem bem solidificados.

Acredito que somente quando nossa sociedade estiver na beira de um precipício e não tiver mais grama para correr, não tiver mais ar para respirar e não tiver mais água para beber. Somente quando isto ocorrer, todos nós iremos sentar em uma mesa com os bolsos vazios e conversar sobre o mundo em que vivemos e sobre como podemos melhora-lo acima de tudo. Até lá, continuo lutando contra o mundo e contra meu eu que quer simplesmente pertencer e ser feliz neste mundo. Continuo lutando para que a parte de mim que não se conforma com este mundo continue não se conformando. Continuo lutando para poder ver pequenas e isoladas atitudes acontecerem de onde menos se espera. Pois enquanto as pessoas não encontrarem seus precipios interiores, e não se conformarem que de fato podem mudar o mundo, seram as pequenas e isoladas atitudes que o mudaram.




"Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos, preocupados e comprometidos possa mudar o mundo. Na verdade é só isso que o tem mudado". - Margaret Mead





7 de dezembro de 2010

Zona de conforto.

No parkour frequentemente falamos em controlar o medo, em nos tornarmos melhores e encontrarmos nossos limites pessoais. Mas raramente falamos que para conseguirmos evoluir e consequentemente alcançarmos tais objetivos, temos que aceitar desafios e sair de nossas respectivas zonas de conforto. Sendo que esta "zona de conforto" é tudo aquilo que estamos acostumados a fazer, pensar ou até mesmo sentir. É o habitual e conhecido para nós.

O parkour nos possibilita obter uma nova movimentação, fora da habitual movimentação imposta a nós desde que nascemos, e na medida em que treinamos a movimentação do parkour estamos a condicionar o nosso corpo a se movimentar desta forma sem sair da nossa zona de conforto. Então quando falamos que nossa movimentação esta dura ou que esta sem flow, estamos falando na verdade que nossa movimentação ainda não é normal para nosso corpo e que para realiza-la temos que estar atentos e sair da nossa zona de conforto, diferente de quando andamos por exemplo. Na medida em que aperfeiçoamos nossa movimentação, estamos na verdade melhorando a mesma para que ela entre em nossa zona de conforto e seja realizada de forma natural, assim como andamos. 

Pois bem, este é o lado bom da zona de conforto. Este é o lado que buscamos  ampliar em nossos treinos. Mas para amplia-lo precisamos sair dele e assumir desafios que não estamos habituados. Se não procurarmos sair de nossos estados de conforto iremos cair na conformidade, nos tornaremos cidadãos conformados com tudo que fazemos e nos é feito, por fim não iremos evoluir nem mesmo aprender nada. E este é o lado ruim da zona de conforto, o destrutivo conformismo.

Se pararmos para observar, são poucos os que realmente assumem desafios diariamente, os que lutam e se propõem a buscar algo melhor. A grande maioria das pessoas passa grande quantidade do dia, se não o dia inteiro, nesta zona sombria de conforto. Se afundam e se limitam devido a seu exarcebado conformismo. São poucos os que assumem desafios e vêem neles oportunidades de crescimento. As pessoas associam os desafios aos riscos, os riscos aos perigos e os perigos aos erros. E é no medo de errar que se encontra a razão das pessoas não saírem de suas respectivas zonas de conforto. O medo de errar na nossa sociedade atual esta cada vez mais forte, as pessoas temem a possibilidade do erro e assim descartam desafios que poderiam lhe oferecer grandes possibilidades de evolução e crescimento.

Se quisermos usar nossa zona de conforto a nosso favor, e não sermos usados por ela, temos que encarar os desafios que se põem a nossa frente de forma consciente, assumir e reconhecer os possíveis riscos, para dai sim nos prepararmos e enfrenta-los de forma consciente.

Hoje percebo que muito dos movimentos que eu julgava impossível um dia realizar hoje são tão normais como meu caminhar. Ou seja, movimentos antes fora da minha  "zona de conforto" hoje pertencem a ela. Mas para conseguir tal progresso, tive que sair deste estado de conforto para assumir riscos e aperfeiçoar novos movimentos.

Esta é a questão, devemos assumir riscos e sair da zona de conforto para evoluir
e assim fazer com que esta zona de conforto se amplie. Então quando somos cogitados por um leigo no parkour sobre razão pela qual nos dispomos a enfrentar grandes desafios, onde um erro pode ser fatal, a resposta é simples e óbvia: "como seremos grandes pessoas se não enfrentarmos grandes desafios?".
Não devemos jamais nos conformar e fugir dos desafios, da mesma forma que não devemos enfrentar os riscos de determinado desafio de forma irresponsável. Lembrando que adiar determinado desafio por alguns messes não significa que você fugiu do desafio, apenas que reconheceu a dificuldade e aceitou outro novo e grande desafio: o de se preparar e treinar mais, para voltar ao local e ver o desafio de uma nova perspectiva.




-LeandroLudwig