No parkour frequentemente falamos em controlar o medo, em nos tornarmos melhores e encontrarmos nossos limites pessoais. Mas raramente falamos que para conseguirmos evoluir e consequentemente alcançarmos tais objetivos, temos que aceitar desafios e sair de nossas respectivas zonas de conforto. Sendo que esta "zona de conforto" é tudo aquilo que estamos acostumados a fazer,
pensar ou até mesmo sentir. É o habitual e conhecido para nós.
O parkour nos possibilita obter uma nova movimentação, fora da habitual movimentação imposta a nós desde que nascemos, e na medida em que treinamos a movimentação do parkour estamos a condicionar o nosso corpo a se movimentar desta forma sem sair da nossa zona de conforto. Então quando falamos que nossa movimentação esta dura ou que esta sem flow, estamos falando na verdade que nossa movimentação ainda não é normal para nosso corpo e que para realiza-la temos que estar atentos e sair da nossa zona de conforto, diferente de quando andamos por exemplo. Na medida em que aperfeiçoamos nossa movimentação, estamos na verdade melhorando a mesma para que ela entre em nossa zona de conforto e seja realizada de forma natural, assim como andamos.
Pois bem, este é o lado bom da zona de conforto. Este é o lado que buscamos ampliar em nossos treinos. Mas para amplia-lo precisamos sair dele e assumir desafios que não estamos habituados. Se não procurarmos sair de nossos estados de conforto iremos cair na conformidade, nos tornaremos cidadãos conformados com tudo que fazemos e nos é feito, por fim não iremos evoluir nem mesmo aprender nada.
E este é o lado ruim da zona de conforto, o destrutivo conformismo.
Se pararmos para observar, são poucos os que realmente assumem desafios diariamente, os que lutam
e se propõem a buscar algo melhor. A grande maioria das pessoas passa grande
quantidade do dia, se não o dia inteiro, nesta zona sombria de
conforto. Se afundam e se limitam devido a seu exarcebado conformismo. São poucos os que assumem desafios e vêem neles oportunidades de crescimento. As pessoas associam os desafios aos riscos, os riscos aos perigos e os perigos aos erros. E é no medo de errar que se encontra a razão das pessoas não saírem de suas respectivas zonas de conforto. O medo de errar na
nossa sociedade atual esta cada vez mais forte, as pessoas temem a
possibilidade do erro e assim descartam desafios que poderiam lhe oferecer grandes possibilidades de
evolução e crescimento.
Se quisermos usar nossa zona de conforto a nosso favor, e não sermos usados por ela, temos que encarar os desafios que se põem a nossa frente de forma consciente, assumir e reconhecer os possíveis riscos, para dai sim nos prepararmos e enfrenta-los de forma consciente.
Hoje percebo que muito dos movimentos que eu julgava
impossível um dia realizar hoje são tão normais como meu caminhar. Ou seja, movimentos antes fora
da minha "zona de conforto" hoje pertencem a ela. Mas para conseguir
tal progresso, tive que sair deste estado de conforto para assumir
riscos e aperfeiçoar novos movimentos.
Esta é a questão, devemos assumir riscos e sair da zona de conforto para evoluir
e assim fazer com que esta zona de conforto se amplie. Então quando somos cogitados por um leigo no parkour sobre razão pela qual nos dispomos a enfrentar grandes desafios, onde um erro pode ser fatal, a resposta é simples e óbvia: "como seremos grandes pessoas se não enfrentarmos grandes desafios?".
Não devemos
jamais nos conformar e fugir dos desafios, da mesma forma que não
devemos enfrentar os riscos de determinado desafio de forma irresponsável. Lembrando que adiar determinado desafio por alguns messes não significa que você fugiu do desafio, apenas que reconheceu a dificuldade e aceitou outro novo e grande desafio: o de se preparar e treinar mais, para voltar ao local e ver o desafio de uma nova perspectiva.
-LeandroLudwig