30 de março de 2010

Madrugueira, madrugada para guerreiros.

Como relatado no texto anterior o treino da madrugada ocorreu e na minha opinião, foi um sucesso.  Começando que  as 22:50hrs(uns 10min antes de começar o treino) ocorreu uma tempestade das brabas  na cidade, com direito a raios por todos os lados e um forte vendaval. De tal forma antes do treino começar, todos fomos pegos de surpresa pela chuva. Cheguei ao local de treino sem muita esperança de encontrar pessoas dispostas a treinar de madrugada e com tudo molhado, engano meu. Ao me aproximar da praça me surpreendi ao avistar aproximadamente 8 pessoas mais do que dispostas a treinar. Ficamos na praça até 1hr da manhã, quando a policia militar nos abordou de forma equivocada (talvez por não saber o que estavamos fazendo no local). Saimos da praça e nos dirigimos a praça do Biergarden, la estava acontecendo festa na choperia expresso. Devido a festa havia muita gente no local. Integrados no espaço estavam hipies, punks, metaleiros, baladeiros e nós, todos em perfeita harmonia. No momento fiquei surpreso em ver tantas pessoas de culturas/tribos diferentes curtindo o mesmo espaço, coisa rara de se ver hoje em dia.

(Alias, alguem ja parou pra pensar, como a cidade esta cada dia mais fadada a dividir seus espaços de acordo com sua utilização? Espaço exclusivos para lazer, exclusivos para estudo, exclusivos para idosos, exclusivos para crianças. É fantastico admirar um espaço projetado exclusivamente para algo, sendo usado de diferentes formas por diferentes tipos de pessoas.
Pessoalmente, reparo muito nisto quando treino. E o que mais me alegra é treinar vendo pessoas lendo, escutando musica, rindo com os amigos, andando de bicicleta. Enfim, o clima em qualquer espaço se torna infinitamente mais agradavel quando a diversidade reina sobre a exclusividade. Foi o que houve na praça do Bier naquele momento).

Saimos do Bier e fomos em direção a praça dos pombos, lá houve alem de um excelente treino tecnico uma otima conversa sobre respiração, momento, relaxamento corporal, nervosismo e etc. Impossivel eu escrever aqui tudo que foi discutido, apenas relato que a troca de conhecimento naquele momento foi grandiosa e gratificante a todos.

Treinamos repetições de varios movimentos, com passada na perna direita e esquerda. Visando desprender a mente da necessidade de sempre executar o movimento com a perna direita, até por que alguns movimentos necessitam o controle de ambas as pernas. Analisamos o controle da impulsão que tinhamos, muitas vezes saltamos o maximo que conseguimos e não somente o necessario. Obter o perfeito controle da impulsão é algo que julgo essencial para executar movimentos em uma run, sem poder analisa-los antes.

(Coisa que é feita erroneamente com frequencia, principalmente por mim, é parar diante do obstaculo e contar quantos passos tem determinada distancia. Temos que saber intuitivamente se chegamos ou não, e isto só poderemos saber se conhecermos nossa impulsão.)

Treinamos na praça dos pombos até as 4hrs da manhã, comemos umas frutas levadas por nós. Conversamos sobre besteiras, rimos um pouco, e aproximadamente as 4:30hrs andamos em direção a prefeitura. Chegando lá, decidimos comprar algo consistente para comer e beber no posto. Nos sentamos na prefeitura e conversamos sobre assuntos diversos, religiao, profissão, estudo, felicidade, alienação.

Alguem tem um emprego? (ahahah, só quem foi entende...)


As 5:30hrs começa a chover novamente, nos abrigamos em um ponto de onibus onde dava de fazer uns valts interessantes e treinamos ali mais uns 30min, seguindo adiante fomos em direção ao parque Ramiro Rudger. Lá encontramos nosso colega Jack, conversamos até as 7hrs da manha. Tiramos algumas fotos zuadas e vimos 3 jovens com sarrafo na mão sendo ameaçados por um mulher, coisas que só se ve em uma manhã de domingo..haahahah


Enfim, foi uma bela madrugada de treino. Digo e repito para todos com que converso, faça o que lhe faz feliz! Em um sabado a noite, uns são felizes saindo pra balada, outros ficando com a namorada em casa, outros descansando. Não critico nem duvido da felicidade escolhida por cada um., não existe felicidade certa ou errada. Mas para guerreiros como eu, que vivem como eu e que são mestres como eu, felicidade mesmo é treinar para a vida, evoluindo com cada novo aprendizado e não apenas viver para treinar como muitos fazem por ai..


- Leandro Ludwig.

13 de março de 2010

MADRUGUERA - MADRUGADA PARA GUERREIROS.

Hoje o treino vai ser um pouco diferente, ele começara as 23hrs e irá terminar as 7hrs com o nascer do sol. Como a exemplo na primeira vez que o fizemos será uma experiencia fascinante, dar até a ultima gota de energia no silencio da madrugada e no fim de tudo ver o dia nascer, exausto com os amigos que sempre estão do lado é o tipo de experiencia que só o parkour pode oferecer. A inspiração e vontade de sair correndo para passar a madrugada inteira treinando, é algo que vai muito alem de um simples treino em outro horario.

Como falei no outro texto sobre nosso primeiro treino na madrugada, o parkour é totalmente diferente nestas circunstancias. O silencio, o clima e o sono da cidade fazem com que cada movimento tome formas completamente distintas das conhecidas em um treino durante o dia.

Agora são 22hrs, falta exatamente uma hora pro treino começar e agora quem escreve aqui é a motivação e inspiração de um tracer que nesse momento, nessa noite, não quer nada a não ser o silencio da cidade e a pureza dos movimetos mais simples. Espero que um dia todo mundo sinta o que eu sinto nesse tipo de situação, não falo somente do parkour e da liberdade em se estar la correndo despreocupado enquanto todos dormem. Falo do sentimento de amor por algo que se faz, de um sentimento que não tem hora nem lugar.



Agradeço aos guerreiros e irmãos que iram me acompanhar hoje. No mais, estamos indo treinar.

5 de março de 2010

Familia Parkour Blumenau.

Durante muito tempo o parkour em Blumenau se manteve puro e sem nenhum tipo de conflito, era simples, todos combinavam um local em determidado dia e iam fazer parkour para se divertir. Era e talvez ainda seja, em sua essencia um parkour puro e verdadeiro, ja que tinha sofrido pouca interferencia externa em termos fisicos e psicologicos. Me arrisco a dizer que a interferencia externa sofrida foi extritamente a necessaria para que tudo começasse e evoluisse de forma natural, nem mais nem menos. Não tivemos ninguem aqui para nos dar conselhos, ninguem para nos motivar quando estavamos desacreditados muito menos alguem para nos ajudar quando estavamos empenhados, começamos na raça e na coragem. De forma verdadeiramente pura, como muito lugar visado do Brasil não chega nem perto de ser.


Não discutiamos razões de porque fazer parkour ou de qual era a filosofia do parkour, não discutiamos as noticias do parkour que aconteciam fora da nossa cidade, apenas faziamos parkour e acreditem, nós nos divertiamos! Ninguem falava que treinava em casa ou que estava se dedicando muito, ou se treinava braços ou pernas, nós apenas faziamos parkour da nossa forma e da nossa maneira. Nem mesmo tinhamos uma postura idealizada em nossa mente de como um tracer de verdade deve pensar e agir, apenas faziamos nosso parkour da nossa forma.

Era simples e perfeito, mas a grama do vizinho é sempre mais bela. E com o passar do tempo começamos a agregar aos nossos treinos, e consequentemente ao nosso parkour, varias formas de pensamento e metodos de treino de tracers de outros lugares. Agregamos tais valores e realmente muita coisa melhorou, tanto fisico quanto mentalmente estamos mais maduros.

Mas ao agregar tais valores em nosso parkour, falo especificamente do parkour de Blumenau, perdemos um pouco de nossa personalidade conjunta, aquilo que chamamos de FAMILIA. Quando nós evoluimos fisicamente e tecnicamente devido ao treino constante e suado, involuntariamente exigimos que todos da nossa "familia" tomem a mesma postura, o que socialmente falando não é correto. Cada um de nós, cada membro desta familia tem suas necessidades e aspirações, e de tal forma deve ser respeitado. Ninguem de familia alguma é obrigado a seguir a mesma profissão ou mesmo caminho. E é por isto que se chama familia ao invés de equipe, uma equipe é um conjunto de pessoas com mesmos objetivos e metas. Uma familia não, uma familia é um conjunto de pessoas com ideias divergentes ou não e caminhos divergentes ou não.

Quando eu escolho seguir o caminho da evolução fisica e intelectual jamais poderei escolher pelo meu irmão de treino o mesmo, seu irmão pode estar lá para se divertir, por que não? Ou pode estar lá em um domingo de sol escaldante, simplesmente por que gosta de conversar com você. O mesmo acontece com uma ideia, posso e tenho direito de expor minhas ideias para meus familiares, mas jamais poderei colocar minhas ideias como sendo as ideias de minha familia. Novamente, fazendo isto seriamos uma equipe e seguiriamos o mesmo caminho.

Digo isto tudo por que para esta familia grande e feliz, chamada Parkour Blumenau, continuar existindo temos que agir mais como irmãos e menos como tracers. É dificil, é complicado, mas quando se tem caminhos divergentes escolhas tem de ser feitas e sacrificios assumidos. Se você vai no treino por que gosta de brincar com seus irmãos do parkour, por favor não deixe de ir (hahaha), mas faça o sacrificio de respeitar o treino dedicado dos mesmos. Já você que vai para treinar, evoluir e beirar o seu limite, faça o sacrificio de brincar com seu irmao de vez enquando.
Ser tracer é treinar para transpor obstaculos, dentro de uma familia (seja ela qual for) estes pequenos sacrificios são os obstaculos a serem transpostos. E quem sabe, depois de um tempo você perceba que os sacrificios que você fez pelo seu irmão na verdade não passavam de lições ensinadas pelos mesmos e que lhe serviram de base em todos os aspectos de sua vida.
E que esta familia chamada Parkour Blumenau, viva durante anos e nos ensine mais e maiores lições. Para que talvez, tambem daqui alguns anos, possamos levar nossos filhos ao parque e vivenciarmos a historia se repetindo, de forma pura, natural e verdadeira.


- Leandro Ludwig.