Nossa vida corrida, objetivos desejados e prioridades traçadas, nos deixam a margem de uma série de fatores que agem positiva ou negativamente em nosso dia a dia. Desta forma, diariamente estamos a margem da desigualdade, da felicidade, dos crimes e das injustiças. Mas nenhuma destas margens nos afeta tanto quanto estar à margem da indiferença. Na indiferença de ocupar terras altas ou baixas, firmes ou instáveis, as gerações passadas ocuparam áreas de enchentes e topos de morros. E na consequência desastrosa destas indiferenças passadas as gerações presentes não conseguiram absorver nenhum aprendizado no que diz respeito ao uso, ocupação e alteração do solo.
Sendo assim, hoje, novamente, à margem desta mesma indiferença, recebemos a noticia que a margem esquerda do nosso histórico e indefeso Rio Itajaí-Açu será modificada, desmatada e concretada. Geólogos, arquitetos, ecologistas, engenheiros florestais e urbanistas, mesmo juntos não puderam argumentar nem mesmo participar deste processo. Sem a participação da população e de uma vasta gama de especialistas, o projeto da nossa prefeitura foi assinado e teve parte da verba (9,6milhões) liberada pelo Badesc nesta semana.
Em contra partida, a consequência deste ato, será sofrida de forma conjunta por todos nós. Assim como foi em 2008 quando as ocupações nos morros sofreram deslizamentos e como foi a partir de 1968 quando concretaram a beira rio, aumentando a velocidade de escoamento do Itajaí-Açu resultando nos deslizamentos na margem esquerda.
Hoje, por hora, a vida continua e o rio prossegue tímido sua jornada. Entretanto, o tempo irá passar. E com ele os estragos causados não somente pela dita "urbanização" da margem esquerda, mas principalmente pela larga margem de indiferença que assombra diariamente nosso rio, povo e cidade.